sábado, 12 de outubro de 2013

Eduardo e Marina - Adriano Oliveira

Eventos políticos são distintos de eventos eleitorais. Os primeiros podem conduzir aos segundos. Mas não necessariamente isto ocorre. Os eventos políticos são aqueles que ocasionam impacto entre os atores políticos, por exemplo, entre os candidatos que disputarão dada eleição. Os eventos eleitorais são advindos dos eventos políticos e provocam os eleitores.

No caso, eleitores mostram empatia ou antipatia por dados competidores. A aliança entre Eduardo Campos e Marina Silva representa um evento político. Não posso afirmar que proporcionará conquista de eleitores para Eduardo. Ou se o capital eleitoral de Marina será enfraquecido. É possível que o suspense dure até meados de 2014. A não ser que Marina declare que não será candidata e que integrará a chapa de Eduardo. Caso tal ação não seja realizada, dois cenários serão considerados pelas pesquisas: Cenário 1: Eduardo x Dilma x Aécio, Cenário 2: Marina x Dilma x Aécio. Testes eleitorais considerando estes cenários poderão trazer problemas para o PSB, pois intenções de voto orientam as decisões. Se Marina mantiver até abril o seu bom porcentual de votos de antes da aliança, quem será o candidato do PSB? Por outro lado, a aliança Campos/Marina pode contagiar eleitores e possibilitar o crescimento célere do governador até lá.

Com isto, Eduardo exercerá força centrípeta entre os partidos, por ora, aliados de Dilma e Aécio. Mas a força centrípeta não pode ser forte a tal ponto de esvaziar substancialmente o capital eleitoral de Aécio. Se Aécio não tiver considerável tempo de TV, a possibilidade de sucesso de Dilma no 1º turno se fortalece. Portanto Eduardo tem como o seu adversário imediato o PSDB, mas este não pode ser amplamente enfraquecido. Reflito sobre a seguinte possibilidade: caso Marina tivesse optado por outro partido, poderia ser vice-presidente de Eduardo e ainda levar para ele tempo de TV. Com a filiação dela ao PSB, os partidos que não desejam Dilma poderão optar por Aécio ou Eduardo. Mas se a possível chapa Eduardo/Marina não conquistar eleitores até meados de 2014? Tais partidos poderão rumar para Aécio, e, talvez, para Dilma.

Além disto, Marina em outro partido garantiria a possibilidade de que a disputa ocorresse com três oposicionistas com potencial de crescimento. A aliança assusta, por enquanto, mais Aécio. As pesquisas após as manifestações mostram que, quando Dilma decresceu, Marina cresceu. E vice-versa. Portanto parte dos eleitores de Marina rumará para Dilma em razão da aliança com Eduardo? Neste ponto, observo que Eduardo e Marina precisam construir discurso alternativo a Dilma nos âmbitos objetivos e subjetivos. Com isto, será possível conquistar eleitores e enfraquecer a candidatura Dilma? Construir conclusões é ato prematuro. Opto por sugerir possibilidades eleitorais. Considero que a chapa Eduardo/Marina tem condições de conquistar eleitores, mas isto não significa que eles irão para o segundo turno ou que a eleição não findará no primeiro turno. Tenho, entretanto, uma conclusão política: a aliança possibilita que as escolhas do governador tenham forte impacto na eleição.

Adriano Oliveira é doutor em Ciência Política

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

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