A presidente Dilma Rousseff deve iniciar hoje o processo de reforma ministerial, com a indicação dos nomes do atual ministro da Educação, Aloizio Mercadante; do secretário executivo da pasta, José Henrique Paim; e do secretário municipal de Saúde de São Bernardo do Campo (SP), Arthur Chioro; para o comando da Casa Civil e dos ministérios da Educação e Saúde, respectivamente. Conforme a coluna Brasília-DF antecipou ontem, os novos ministros deverão ser empossados na segunda-feira. Esta será a terceira reforma ministerial da presidente.
Antes mesmo de assumir o cargo, o futuro ministro da Saúde já é alvo de contestações, devido ao fato de ele ter mantido uma consultoria na área de saúde enquanto foi secretário no mesmo setor. Apesar de um possível conflito de interesses, Chioro negou qualquer irregularidade. Após o Correio revelar que o secretário é alvo de uma investigação no Ministério Público de São Paulo, ele se desligou da empresa e transferiu sua cota, de 98%, para a mulher, Roseli Regis dos Reis. "Não há nenhuma irregularidade no fato de, como secretário de Saúde, ser sócio de uma empresa que presta consultoria na área. Por seu caráter técnico, ela não tem nenhuma vinculação político-partidária. Ou seja, tem clientes de todas as forças partidárias. Meu vínculo com a empresa nunca foi omitido", justificou, na semana passada.
A disputa pelo ministério foi acirrada. O atual ministro, Alexandre Padilha, que sai para concorrer ao governo de São Paulo pelo PT, batalhou para fazer do sucessor o secretário de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde, Mozart Salles, que comandou o programa Mais Médicos. Outro que chegou a ser cogitado para o cargo foi o secretário de Atenção à Saúde, Helvécio Magalhães.
A principal jogada dessa reforma é a indicação de Mercadante para o lugar da ministra Gleisi Hoffmann. A senadora licenciada disse, no fim de dezembro, que pediu para deixar o cargo ainda em janeiro a fim de amadurecer a ideia de se candidatar ao governo do Paraná pelo PT. Para o papel-chave no governo e, em ano eleitoral, também foi cogitado o secretário executivo do Ministério da Previdência Social, Carlos Eduardo Gabas. Mercadante, mesmo à frente da Educação, já atuava nos bastidores como articulador político da presidente.
Com a saída dele da Educação, o número dois da pasta assumirá as rédeas do ministério. Paim é secretário executivo do MEC desde 2006. Antes de assumir o cargo, ele foi, por dois anos, presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Na fila
A intenção da presidente é terminar a reforma até o carnaval, no início de março. No próximo mês, ela terá que decidir sobre o futuro de outros ministérios, principalmente os comandados por políticos que querem disputar as eleições. Na lista da reforma, ainda estão os ministérios da Integração Nacional, das Cidades, do Turismo, do Desenvolvimento, de Relações Institucionais, do Desenvolvimento Agrário e a Secretária dos Portos.
A dança das cadeiras na Esplanada também tem sido vista como uma ferramenta para a acomodar aliados. O PMDB, principal apoiador do governo, pede mais espaço, ao mesmo tempo em que a presidente adia a decisão e estuda dar lugar a novos partidos da base, como o Pros. Ontem, o governador do Ceará, Cid Gomes (Pros), negou que seu irmão Cid Gomes tenha sido sondado para assumir um ministério e afirmou que o Pros não está em busca de uma pasta. "Eu não tenho nem nunca tive apetite por ministério", disse Cid, após encontro com Mercadante.
"Campanha pessoal"
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que deixa o governo para se candidatar ao governo de São Paulo pelo PT, fez pronunciamento em cadeia nacional de rádio e tevê, na noite de ontem, para anunciar a vacinação de meninas de 11 a 13 anos contra o vírus do HPV. O ato gerou críticas da oposição. O líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), vai ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedir a inelegibilidade de Padilha. "Ele está usando o dinheiro público para fazer campanha pessoal dele", reclamou Caiado. Ontem, Padilha participou de um culto evangélico no ministério com funcionários da pasta, como parte da despedida dele do cargo.
Fonte: Correio Braziliense
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