• Avaliação inicial do governo é que ex-diretor da petrobras deve mirar congresso, mas pode afetar campanha
Simone Iglesias – O Globo
BRASÍLIA - A decisão do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, de fazer delação premiada, divulgada sexta-feira, ocorreu quando a presidente Dilma Rousseff se preparava para um comício eleitoral em Porto Alegre. A 1ª reação de integrantes do governo e da campanha foi de apreensão.
- Vamos ver o que ele vai falar. Ninguém sabe a extensão disso tudo e onde chega - disse um auxiliar que estava com Dilma na capital gaúcha.
Apesar do susto, a ordem no governo é esperar o depoimento de Costa, preso na Operação Lava-Jato, para avaliar os eventuais danos. A avaliação inicial é que a delação de Costa deverá ser voltada ao Congresso. Porém, há a sensação de que o depoimento é imprevisível.
- Ele estava na Petrobras desde o governo Fernando Henrique Cardoso. Vai trazer à tona coisas daquela época? Muito se fala por aí que ele tinha relações com mais de cem deputados. Temos que esperar para ver para onde ele vai apontar, quem ele vai mirar - disse outro auxiliar.
Integrantes do governo alegam ser "improvável" que Costa traga informações que atinjam Dilma diretamente. Avaliam, no entanto, que qualquer ponto que o ex-diretor levante sobre maus negócios feitos pela Petrobras na sua gestão, ou que tenha relação com qualquer dirigente ou parlamentar da base, arrastam a presidente para o olho do furacão.
O discurso entre os assessores é que Dilma e a presidente da Petrobras, Graça Foster, não tinham simpatia por Costa. Apesar disso, ele continuou na diretoria nos dois primeiros anos do governo.
- Dilma nunca gostou dele e a Graça não o tirava porque sempre alguém advogava a favor dele - disse um petista da cúpula.
A preocupação central entre os petistas é com o "vazamento seletivo", de forma a prejudicar a campanha à reeleição de Dilma e o PT. Para petistas, Costa teria feito negócios com políticos de todos os partidos, mas o foco do vazamento seria político, na tentativa de atingir a gestão de Dilma e destabilizar o governo. O que causa apreensão, disse um integrante da campanha, é a dificuldade em prever o que ele tem para contar e, principalmente, se está baseado em provas.
- A questão é que, mesmo sem provas, o que ele falar vai cair como uma bomba, mesmo que seja uma informação pela metade, enviesada ou mentirosa apenas para prejudicar alguém, para criar um caos no meio da eleição - comentou um integrante do governo.
Segundo "O Estado de S. Paulo", o advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, um dos integrantes do esquema investigado pela PF na Lava-Jato, prestou depoimento ligando o secretário nacional de Finanças do PT, João Vaccari Neto, ao doleiro Alberto Youssef. Vaccari seria um dos contatos de fundos de pensão com a CSA Project Finance Consultoria e Intermediação de Negócios Empresariais, empresa usada por Youssef para lavar R$ 1,16 milhão do mensalão.
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