• Pelo menos, um ministro, seis senadores, 25 deputados federais e três governadores teriam recebido dinheiro desviado da estatal. Supostamente, os políticos ficavam com 3% do valor dos contratos da Petrobras
- Correio Braziliense
Desde março, já se sabia que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto da Costa era o homem-bomba da operação Lava-Jato e que o caso poderia levar a um strike na política nacional, por causa do envolvimento de muitos políticos com ele e o doleiro Alberto Youssef. Ambos estão presos na Polícia Federal em Curitiba. Pressionado pela família e por provas irrefutáveis apreendidas pela PF, Costa resolveu falar mais do que aquele defunto caguete do samba de Bezerra da Silva, que entregava até com o dedão do pé.
Neste fim de semana, a revista Veja revelou que, pelo menos, um ministro, seis senadores, 25 deputados federais e três governadores receberam dinheiro desviado da estatal. Supostamente, os políticos ficavam com 3% do valor dos contratos da Petrobras na época em que Costa era diretor da estatal — entre 2004 e 2012 —, segundo o relato do ex-diretor da Petrobras a procuradores e policiais.
O diretor decidiu colaborar com as autoridades para reduzir a pena, que poderia alcançar 30 anos. Apontou políticos do PT, do PMDB e do PP, que compõem a coalizão da presidente Dilma Rousseff. Ao ser preso, chegou a dizer que não haveria eleições neste ano se revelasse tudo o que sabe. Em agosto, Costa deu com a língua nos dentes, como se diz na gíria policial.
O vazamento do depoimento, porém, pode ter implicações para o processo, que corre em segredo de justiça e acabou de chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que o ministro Teori Zavascki homologue o acordo de delação premiada feito pelo executivo com os procuradores e o juiz Sérgio Moro, responsável pelo caso.
Advogados dos demais envolvidos querem anular o acordo e o próprio processo por vícios de procedimento nas investigações. Cabe ao STF autorizar a investigação dos políticos. Documentos fornecidos pelas autoridades da Suíça revelam que Costa e seus familiares tinham contas bancárias naquele país que totalizavam US$ 23 milhões.
Campanha eleitoral
Ninguém sabe qual será o impacto do escândalo na campanha eleitoral, uma vez que a presidente Dilma foi ministra de Minas e Energia e presidente do Conselho de Administração da estatal. No caso da compra superfaturada de Pasadena, que reaparece no depoimento de Paulo Roberto Costa, Dilma disse que fora enganada pelo parecer técnico do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró para aprovar a compra da refinaria no Texas (EUA).
Ontem, durante o horário eleitoral, o programa de Dilma voltou a atacar Marina Silva com a insinuação de que ela quer acabar com o pré-sal. Na propaganda, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece num palanque em Pernambuco dizendo que não vai deixar que isso aconteça, nem que tenha de mergulhar no fundo do mar para extrair petróleo.
A volta dos escândalos da Petrobras a telejornais e programas dos adversários de Dilma tem potencial para atrapalhar os planos de recuperação da imagem da candidata petista e de seu governo, num momento em que sua campanha recupera terreno.
Os índices de aprovação do governo e de rejeição à presidente da República melhoraram com a propaganda na tevê. Ontem, em São Paulo, Dilma disse que precisa saber “direitinho” quais são as informações prestadas por Paulo Roberto antes de tomar “as providências cabíveis”.
Em Pernambuco, Marina criticou a “má governança” da Petrobras e disse aguardar as investigações. Já o tucano Aécio desceu a borduna no governo, em Presidente Prudente, no interior de São Paulo: chamou o caso de “mensalão 2” e cobrou apuração imediata e punição dos envolvidos.
Muito atacada tanto por Dilma como pela maioria dos candidatos de oposição, principalmente o tucano Aécio Neves, Marina Silva perdeu terreno para a petista na disputa de segundo turno, embora continue empatada tecnicamente no primeiro.
Pesquisa Sensus divulgada pela revista Isto é neste fim de semana, porém, mostra que Marina mantém a vantagem: 29,5% das intenções de voto no primeiro turno, empatada tecnicamente com a presidenta Dilma, que tem 29,8%. Aécio tem 15,2%.
Em eventual segundo turno, entretanto, Marina venceria Dilma, com 47,6% contra 32,8% dos votos válidos, uma diferença de 14,8 pontos percentuais. Na simulação com Aécio, Dilma aparece com 39,3% dos votos e o tucano, com 35,4%.
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