• Solicitação é sigilosa; Jader Barbalho e Aníbal Gomes também são alvo
Carolina Brígido - O Globo
BRASÍLIA - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a abertura de inquérito sigiloso contra os senadores Delcídio e Renan Calheiros. -BRASÍLIA- O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedido de abertura de mais dois inquéritos na Operação Lava-Jato. O primeiro é contra o senador Delcídio Amaral (PT-MS), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDBAL), e o senador Jader Barbalho (PMDB-PA). O segundo é contra Renan, Jader e o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE). O grupo é suspeito de ter cometido corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ambos os pedidos estão tramitando em sigilo.
Caberá ao ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava-Jato no tribunal, decidir se atende ao pedido do procuradorgeral. A praxe é a abertura dos inquéritos quando há pedido do chefe do Ministério Público Federal (MPF). Caso isso se confirme, será o segundo inquérito aberto no STF contra Delcídio por indícios de participação no esquema de desvios de dinheiro da Petrobras. O primeiro foi aberto na semana passada e levou a sua prisão. Renan responderá ao quinto inquérito na Lava-Jato no STF e Aníbal, o quarto. Em relação a Jader, será o primeiro inquérito que ele responderá sobre o assunto no tribunal. Os pedidos de abertura de inquérito chegaram ontem ao STF.
Não foram divulgados documentos com detalhes sobre as investigações. Há somente a informação de que o pedido foi feito com base em uma petição que tramita de forma oculta no tribunal. A petição trata de uma delação premiada — que, por lei, deve ser mantida em sigilo. Uma das delações homologadas recentemente foi a do lobista Fernando Baiano.
No STF, 68 investigados
Se as novas investigações forem abertas, haverá no STF 35 inquéritos sobre a Lava-Jato. Serão 68 investigados. Há 23 deputados, 14 senadores, um ministro de Estado e um ministro do Tribunal de Contas da União. A expectativa é de que o rol de investigados seja ainda maior, porque a Corte mantém investigações ocultas, sem disponibilizar sequer o nome do suspeito ao público.
Por meio da assessoria de imprensa, Renan negou irregularidades. “O presidente do Senado, Renan Calheiros, reitera que suas relações com as empresas públicas nunca ultrapassaram os limites institucionais. O senador já prestou os esclarecimentos necessários, mas está à disposição para novas informações, se for o caso. O senador acrescenta ainda que nunca autorizou, credenciou ou consentiu que seu nome fosse utilizado por terceiros”, diz a nota. O GLOBO não conseguiu falar com Aníbal Gomes nem com seu advogado, Gustavo Souto.
A defesa de Delcídio informou que ele só vai se manifestar quando tiver acesso aos autos. Delcídio está preso na Superintendência da Polícia Federal desde a última quarta-feira. Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, gravou uma conversa que teve com Delcídio, o advogado Edson Ribeiro e o chefe de gabinete do senador, Diogo Ferreira. Nela, o senador promete ajuda para conseguir a liberdade de Cerveró, fala em auxílio financeiro e planeja até mesmo uma fuga.
Jader Barbalho disse que não poderia comentar porque ainda não tomou conhecimento:
— Eu desconheço totalmente. Não sei do que se trata. Então não posso me manifestar. Só depois que tiver conhecimento é que posso me manifestar. (Colaboraram André de Souza e Cristiane Jungblut)
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