Sinais vitais da economia brasileira melhoraram em novembro. Com isso, junta-se mais uma notícia positiva aos bons sinais acumulados neste início de ano – perspectiva de uma boa safra de grãos, inflação em queda e um novo e mais vigoroso corte dos juros básicos pelo Banco Central (BC). No entanto, seria precipitado interpretar o aumento da atividade, naquele mês, como um começo de retomada. Não se pode esquecer o fraco movimento do comércio em dezembro, num cenário de severo desemprego e de consumo ainda muito retraído. Faltam dados para uma avaliação mais segura da tendência recente. Mas o alento, ou suspiro, percebido quase no fim do ano parece mostrar pelo menos uma preciosa reserva de energia. Não é algo desprezível, depois de dois anos de funda e penosa recessão.
A novidade mais importante sobre os negócios veio de fonte oficial. Em novembro, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), também conhecido como prévia do Produto Interno Bruto (PIB), foi 0,2% superior ao de outubro. Esse aumento compensou com minúscula folga o recuo de 0,15% na passagem de setembro para outubro.
Mesmo com essa reação, os números acumulados no ano continuaram muito ruins. O resultado de 11 meses foi 4,76% inferior ao de um ano antes. O acumulado em 12 meses ficou 4,96% abaixo do estimado para o período imediatamente anterior. Todos esses números são da série com desconto de efeitos sazonais. Nessa mesma série, o indicador de novembro foi 2,08% mais baixo que o de igual mês de 2015.
A média do trimestre encerrado em novembro foi 0,55% menor que a do período de julho a setembro. Será uma surpresa, segundo especialistas do mercado ouvidos na sexta-feira, se a taxa dos três meses finais do ano tiver sido positiva ou mesmo nula. Pela última estimativa do BC, o PIB deve ter diminuído 3,4% em 2016.
A segunda informação positiva apareceu no mesmo dia no Monitor do PIB, divulgado mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e elaborado com base nos critérios do IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Segundo o Monitor, o PIB aumentou 0,67% de setembro para outubro. Ainda ficou 1,5% abaixo do estimado para o mês correspondente de 2015, mas essa foi a menor diferença negativa registrada nesse tipo de comparação em 2016. Também este detalhe parece indicar um começo de reação, mas uma conclusão desse tipo, neste caso, também seria frágil.
A maior parte das comparações com os números do ano anterior continua negativa. Assim continuaram também as taxas acumuladas em 12 meses. Houve melhora durante o ano, mas nos 12 meses até novembro a variação acumulada ainda foi uma queda de 4%. Nesse mês, o investimento produtivo, medido pela formação bruta de capital fixo, foi 5,8% menor que o de um ano antes. No trimestre encerrado em novembro o valor investido foi 8,1% inferior ao dos três meses correspondentes de 2015. Também esse relatório confirma a perda de musculatura da economia brasileira, pelo enorme recuo das aplicações em máquinas, equipamentos, instalações empresariais, obras de infraestrutura e outros tipos de construções.
Pelo menos no setor privado o investimento produtivo só deverá recuperar-se muito lentamente, porque a ociosidade é enorme. Quando a economia voltar a crescer ainda haverá muita capacidade produtiva disponível. Em novembro as fábricas ocuparam apenas 76,6% da capacidade instalada, apenas 0,1% a mais que em outubro. Um ano antes o nível de ocupação era de 77,5%. Estes números aparecem no terceiro relatório panorâmico divulgado na sexta-feira passada, da série de indicadores publicada regularmente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Pelo relatório, o faturamento real cresceu 4,5% em novembro e as horas de trabalho na produção aumentaram 0,7%. Mas o emprego diminuiu 0,3% e a massa real de salários encolheu 2,3%, mantendo-se um cenário desfavorável à retomada do consumo. A nova redução de juros é só um passo para o enfrentamento dos obstáculos. Mas foi uma novidade muito bem recebida nos mercados.
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