quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Construção e ruína

Poder em jogo / O Globo

No vazio do plenário da Câmara, Miro Teixeira (Rede-RJ) tentava discursar sobre a ação da Lava-Jato que quebrou os alicerces do PMDB do Rio. Sem sucesso. Não havia quorum para abrir a sessão. “Estamos condenados ao silêncio. Mas, nesse caso, o silêncio é cúmplice”, protestou, ao deixar o plenário. O tema do discurso adiado é mais um capítulo do desmonte do esquema de poder construído pelo PMDB há três décadas. Os maiores nomes do partido estão envolvidos em denúncias de corrupção. A partir do presidente da República. É cedo para dizer se as acusações de corrupção marcam o fim de um longo ciclo. A Justiça e os eleitores darão a resposta.

Novos argumentos
Moreira Franco comandou ontem reunião com a participação da Secom, da equipe de mídia digital do governo e das três agências de publicidade contratadas para cuidar da campanha pela reforma da Previdência. Rodrigo Maia enviou um representante. Foram aprovados três filmes com a assinatura: “Reforma da Previdência! Contra os privilégios. A favor da igualdade.” A propaganda entra no ar na sexta-feira e vai até o dia 27. Segundo o governo, serão mostrados os “verdadeiros motivos para salvar a Previdência”.

Endereço certo
Ontem, muita gente estranhou que, entre os alvos de mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça contra o ex-governador de Mato Grosso do Sul André Puccinelli (PMDB), estivesse uma certa residência em Barueri (SP). O mandado judicial foi autoexplicativo: Puccinelli enviou àquela casa um emissário para recolher propina. Recebeu R$ 2 milhões dentro de uma caixa de isopor.

Desarmamento
O ministro do STF Edson Fachin autorizou o Exército a destruir uma arma de fogo do líder do PP, Arthur Lira (AL). O ministro decidiu que ele não tem direito a manter a pistola por responder a dois inquéritos — ambos referentes à Lava-Jato. É o que prevê o decreto que regulamenta o Estatuto do Desarmamento. Lira não indicou a quem transferir a arma e, por isso, Fachin decidiu pela destruição.

Manobra radical
O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) está cansado da pressão dos tucanos por sua candidatura ao governo de Minas, num cenário em que ele é considerado coringa pela falta de nomes fortes. Abordado sobre o assunto por correligionários mais uma vez, recentemente, foi categórico: “Não vou concorrer”. E ainda disse que, se fosse necessário, deixaria o PSDB e voltaria para o partido depois, apenas para perder o prazo de candidatura. Anastasia, ex-governador de Minas, mostrou que quer mesmo distância dos tucanos no momento. Enquanto acontecia a convenção do partido, no último fim de semana, ele participava de uma comemoração dos 70 anos da Câmara Municipal de João Pessoa.

Contando tucaninhos
A crise do PSDB tem, literalmente, tirado o sono de Alberto Goldmann, presidente interino do partido. Ele tem recorrido a tranquilizantes: “Tenho dormido muito pouco, muita excitação, preciso tomar Lorax.”

Postal do Cerrado
O feriado que comemora a Proclamação da República é hoje, mas na Câmara foi antecipado. Praticamente vazio, o Salão Verde foi interditado ontem para a limpeza dos carpetes e móveis, que foram retirados.

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