Ministros
já consideram 'inevitável' tentativa de Bolsonaro de contestar eleição se
perder em 2022
Autoridades
responsáveis pelo planejamento das próximas eleições já consideram inevitável
uma investida
do grupo político de Jair Bolsonaro contra o processo de votação em
2022. Ministros de tribunais superiores começaram a trabalhar para conter a
tentativa crescente de desacreditar esse sistema.
A
contestação sem provas da estrutura de votação no primeiro turno das eleições
municipais foi o sinal de que a orquestração começou. Ainda no domingo (15),
informações falsas sobre a segurança das urnas nasceram no submundo das redes e
foram abraçadas
por políticos da base radical do presidente.
A
semana terminou com um dos ataques mais intensos e infundados do próprio
Bolsonaro contra as eleições. "Fui roubado demais", disse o
presidente a apoiadores, na sexta (20), sobre a disputa que ele mesmo venceu em
2018. "Ninguém acredita nesse voto eletrônico", declarou.
Bolsonaro
trabalha numa enganação preventiva. Sem nenhum elemento além de textos
conspiratórios e imagens falsas, os aliados do presidente preparam
terreno para contestar uma eventual derrota em sua corrida pela
reeleição.
O
roteiro ficou claro para os ministros que vão organizar a disputa de 2022. Não
é coincidência que o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, tenha citado a
participação de "milícias digitais" com "motivação
política" nos ataques feitos ao tribunal na semana passada.
A
ação desse ano abriu uma brecha para a busca de um antídoto
contra potenciais tentativas de subverter o resultado da próxima
eleição. Investigadores vão buscar vínculos entre personagens da órbita de
Bolsonaro e a construção de um mecanismo para difundir o discurso falso de
fraude eleitoral.
Ministros
acreditam que essa é a única maneira de travar o processo artificial de erosão
da confiança na votação. Sem isso, eles dizem que os ataques sem provas vão
continuar. Se Bolsonaro for derrotado, a ação de radicais bolsonaristas pode
terminar nos tribunais.
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