Na
CPI, Wajngarten esconde campanhas negacionistas e tenta proteger autores do
desastre
O
ex-secretário Fabio
Wajngarten lançou mais do que um punhado de contradições,
versões desencontradas e puras mentiras na
CPI da Covid. Ele queria proteger o antigo chefe Jair Bolsonaro, mas provou que
é impossível defender o governo falando a verdade.
O aliado do presidente tentou descrever uma gestão que seguia orientações das autoridades de saúde na área de comunicação. Não colou. Ele teve que esconder a campanha que dizia que a cloroquina apresentava “bons resultados” contra a Covid e as postagens contra medidas de isolamento, feitas em março de 2020 pela Secretaria de Comunicação.
Wajngarten,
aliás, chegou a dizer que não conhecia estas últimas publicações e declarou que
estava afastado da função porque se recuperava da Covid. Era mentira.
Na ocasião, ele mesmo gravou uma conversa com o deputado Eduardo Bolsonaro e
declarou que despachava com sua equipe para aprovar as campanhas de comunicação
do governo.
O
depoente também recorreu ao malabarismo. Antes de ir à CPI, o ex-secretário
disse à revista Veja que o país havia sido prejudicado na compra de vacinas
pela incompetência da
“equipe que gerenciava o Ministério da Saúde”. Agora, ele alega que não se
referia a Eduardo Pazuello. A não ser que o general fosse apenas um visitante
na Esplanada, a tentativa de protegê-lo não vai funcionar.
Quando
resolveu contar histórias reais, o ex-secretário encrencou o governo.
Wajngarten confirmou que o presidente ignorou uma carta em que a Pfizer
oferecia vacinas ao país, ainda em setembro. A farmacêutica avisou que a
celeridade da negociação era “crucial”, mas o Palácio do Planalto levou mais de
dois meses para dar um sinal de vida.
Os
bolsonaristas ficaram aflitos. Uma deputada foi à CPI para protestar contra os
senadores, e um filho do presidente apareceu para chamar o relator da comissão,
Renan Calheiros (MDB), de vagabundo.
Se a sessão causou incômodo, o depoimento de Pazuello na semana que vem deve levar o governo ao desespero.
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