Falou & Disse
A participação dos jovens sempre foi
intensa pelo mundo afora, nas lutas de libertação, nos movimentos estudantis e
sociais. Também na luta política, nos movimentos culturais e etc…
No Brasil, a juventude se engajou com força
na luta contra a ditadura – tarefa de grande parte da minha geração – pelas
diretas já, pelo impeachment de Collor, por educação de qualidade, pela reforma
agrária, contra os vários tipos de preconceito, pela melhoria da qualidade de
vida e contra o racismo e a violência.
Atualmente, com o advento da internet, os
jovens se organizam em redes sociais e grupos específicos de interesses em suas
comunidades, conscientes da importância do seu protagonismo na construção de um
mundo com sustentabilidade e equidade.
Cabe à sociedade criar as condições para
que a juventude possa traçar os seus caminhos.
A Conferência do Clima das Nações Unidas
(COP26) em Glasgow, na Escócia, trouxe à mídia a pujança da juventude de boa
parte do planeta terra. Embora tenha reservado um dia para discutir a
participação dos jovens, o que se via desde o início era a efervescência de
delegações da juventude mundial, que lá aportavam desde o início.
A preocupação com a falta de cumprimento das metas do Acordo de Paris e com um futuro que se aproxima carregado de circunstâncias nefastas, produzidas pelos gases que provocam o efeito estufa e influenciam no aquecimento da terra causando desequilíbrios como temporais, nevascas, desertificação do solo, elevação dos níveis dos oceanos e elevação da temperatura na terra, levou a que os jovens intensificassem suas manifestações contra as ações humanas que muito têm contribuído para essa situação de desequilíbrio ambiental e por um engajamento efetivo da juventude nas tomadas das decisões.
Muito Justo, já que é essa juventude que
vai ter a responsabilidade de fazer as mudanças necessárias daqui para a
frente.
“De 28 a 30 de setembro de 2021, cerca de 400
jovens, entre 15 e 29 anos, oriundos de 186 países, se reuniram em Milão, na
Itália, para discutir as principais urgências e prioridades da ação climática.
Na bagagem, eles levavam o rascunho de um documento elaborado em reuniões
remotas com milhares de outros jovens. E, ali lapidaram um Manifesto que será
discutido no próximo dia 5 de novembro com os líderes globais reunidos na
Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP26”. (Agência Jovem de
Notícias)
O Manifesto, entre outras questões, pauta a
necessidade de apoio logístico para promover o engajamento dos jovens, de
financiamento público e privado, de incremento à pesquisa para aceleramento da
transição energética no mundo. Ao mesmo tempo defende a busca de soluções
com respeito à natureza e aos povos locais e indígena e solicita apoio às
práticas sustentáveis existentes, sobretudo ao que denominam “economia
marginalizada ou alternativa”, com o apoio às populações colocadas em situação
de vulnerabilidade e persistência na busca de uma sociedade justa e equitativa.
Mais de 80 jovens brasileiros de diversas
regiões do país integraram as delegações mundiais e participaram de eventos
paralelos e das manifestações públicas ocorridas durante o evento, exigindo
maior compromisso dos líderes políticos e a integração entre poderes públicos e
instituições e empresas privadas no efetivo combate aos efeitos que geram as
mudanças climáticas prejudiciais aos seres vivos no planeta Terra.
Destaque especial para ativista indígena
Txai Suruí, 24 anos, única brasileira a discursar na abertura da Conferência.
Cursando o último semestre do curso de Direito na Universidade Federal de
Rondônia, Txai é uma índia nascida dos povos Suruí, em Rondônia, filha do
cacique Almir Suruí, que vem lutando há anos contra o desmatamento da Amazônia.
Txai também é fundadora do grupo Movimento
da Juventude Indígena de Rondônia.
Sua fala na COP26 aponta para questões vistas e sentidas pelos índios e por todos nós, com exceção dos que só pensam na ganância, no lucro fácil…
“Meu pai, o grande cacique Almir Suruí, me ensinou que devemos ouvir as estrelas, a lua, o vento, os animais e as árvores. Hoje o clima está esquentando, os animais estão desaparecendo, os rios estão morrendo, nossas plantações não florescem como antes. A Terra está falando, ela nos diz que não temos mais tempo”, disse Txai, com a autoridade da juventude que ainda tem tempo para fazer retroceder as medidas criminosas praticadas contra as florestas, os rios, o solo e os povos.
Segundo a OXFAM “o mundo vem testemunhando
a força crescente dos jovens na construção de uma sociedade melhor. Eles estão
nas ruas, nas comunidades, no debate público, defendendo seus direitos e da
sociedade, mobilizando as pessoas e chamando governos do mundo à
responsabilidade em respeitar, proteger e efetivar os direitos humanos”.
No Brasil os jovens estão entre os que mais
sofrem com o desemprego, violência, ausência de escolas e moradias com
dignidade.
Apontado pelo Atlas da Violência, no
Brasil, mais da metade das mortes por homicídios em 2017 (54,54% do total de
65.602), por exemplo, foi de jovens entre 15 e 29 anos.
Já sabemos, há muito tempo, que o mundo não
poderá alcançar um padrão de crescimento equitativo e avançado se não se
investir no acesso e qualidade da Educação para todos e na juventude. Crianças
e jovens atualmente são as maiores vítimas da crise econômica e sanitária pelas
quais passamos.
Precisamos repensar a qualidade das
lideranças políticas no Brasil.
É urgente que comecemos a pensar em eleger
para os cargos de direção política jovens comprometidos com o seu presente, o
seu futuro e o futuro da humanidade.
*Mirtes Cordeiro é pedagoga.
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