Folha de S. Paulo
Há um ponto comum nas declarações mais
enfáticas do petista sobre seus planos na área
Há um ponto comum em algumas das
declarações mais enfáticas de Lula sobre suas ideias para a economia. Nas últimas
semanas, o petista repetiu que pretende reverter três medidas implementadas em
governos recentes: o teto de gastos, a reforma trabalhista e as privatizações.
O ex-presidente tem feito um esforço para
evitar qualquer
anúncio detalhado sobre o programa de sua campanha. Há uma série de motivos
para isso, desde a falta de consenso sobre vários tópicos até o receio de que o
candidato fique exposto a críticas cedo demais. O que apareceu nos discursos
segue uma linha mais política do que econômica.
Ao apresentar a ideia de desfazer medidas
adotadas em governos pós-PT, o ex-presidente manda duas mensagens. Primeiro,
tenta oferecer um contraponto à situação econômica atual, que ele vincula à
agenda do governo Jair Bolsonaro. Além disso, busca mostrar o desenho do que
seria um retorno a terrenos conhecidos —distantes das estripulias temidas por
alguns investidores.
Lula disse na quarta-feira (11) que "não vai ter teto de gastos" em seu governo, caso seja eleito. Ele argumentou que a situação fiscal deve melhorar com o crescimento da economia, ainda que não tenha explicado se haverá um novo método de controle de despesas. A proposta de derrubar a regra era pedra cantada, mas passou a ser citada como destaque da plataforma petista.
A fórmula se repetiu em outros itens da
agenda. Lula prometeu revisar
parte da reforma trabalhista aprovada no governo Michel Temer e
reverter a decisão de privatizar
empresas como a Eletrobras. Em nenhum dos dois casos ele apontou como esses
pontos serão tratados ou qual modelo ficará no lugar deles.
É possível extrair dessas pistas alguma
previsibilidade, mas Lula não conseguirá se pendurar por muito tempo nessa
agenda do "não". Em breve, ele terá que apontar se pretende apenas
encaixar as ideias de 2003 a 2010 (num contexto completamente diferente) e
mostrar o que pode fazer para aprovar seus planos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário