quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Vera Rosa - O bilhete que Tebet abriu antes do Natal

O Estado de S. Paulo.

‘Peço que você aceite o Ministério do Planejamento’, escreveu Lula para a senadora

Duas linhas escritas a mão, em papel de carta, serviram como bússola para Simone Tebet. Após ser preterida pelo PT para o Ministério de Desenvolvimento Social, classificado como “coração” do novo governo por abrigar o Bolsa Família, a senadora do MDB não escondeu o desencanto com os rumos da futura gestão. Até que na sexta-feira, antevéspera de Natal, foi chamada para uma reunião com Luiz Inácio Lula da Silva.

Nada parecia dar certo porque Simone dizia que só aceitaria a outra oferta – à época, a cadeira do Meio Ambiente – se Marina Silva recusasse o convite de voltar à Esplanada naquele cargo. A deputada eleita pela Rede, porém, só queria Meio Ambiente. Diante do impasse, o presidente eleito bancou Marina, à revelia do PT. E a advogada Simone aceitou acompanha-lo no voo de Brasília a São Paulo, na tarde de sexta-feira, para mais uma rodada de conversa.

Em uma hora e meia de trajeto, Lula falou sobre tudo – dos planos de governo ao apreço pela Granja do Torto –, mas não lhe fez novo convite. Pouco antes do desembarque, entregou à senadora um envelope. Dentro havia um bilhete, assinado de próprio punho. “Não abra agora. Primeiro, comemore o Natal com sua família”, disse Lula a Simone.

Curiosa, ela não esperou o Natal, mas só leu a mensagem após se despedir do petista.

 “Peço que você aceite o Ministério do Planejamento”, apelou Lula naquelas duas linhas.

Simone havia recusado antes a sondagem feita pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, sob o argumento de que é liberal e não compartilha de muitas ideias do partido na economia. Mas não resistiu ao bilhete de Lula. O petista se considera “devedor” da senadora pelo apoio que ela deu no 2.º turno de sua campanha.

Os detalhes da entrada de Simone no governo Lula 3 foram acertados a cinco dias da posse. Houve mais um ruído com o PT porque ela pediu que o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) ficasse sob o guarda-chuva do Planejamento. O futuro titular da Casa Civil, Rui Costa, avisou, no entanto, que não abre mão de coordenar o PPI.

Coube a Alexandre Padilha, escolhido para a articulação política, apagar o incêndio: programas como Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida e PPI serão monitorados pela Casa Civil, mas “com participação do Planejamento no comitê gestor” que acompanha essas ações.

Dito isso, só resta a Simone trabalhar em sintonia com o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ao ser perguntado, recentemente, se era fiscalista ou desenvolvimentista, Haddad respondeu: “Sou libanês”. A senadora tem a mesma origem. “Não rasgo dinheiro”, costuma afirmar ela. É possível que os dois se entendam. Ou não.

 

3 comentários:

Anônimo disse...

Tebet, estrela política com luz própria. Terá protagonismo em qualquer Ministério, por mais esvaziado que seja. Sua liderança nacional, pela Política, lhe dará projeção.

Anônimo disse...

Concordo plenamente com o anônimo acima!

ADEMAR AMANCIO disse...

Luz própria ela tem de sobra,mas se a incompatibilidade de agendas for grande demais,seu ministério pode entrar água.