Folha de S. Paulo
Presidente aceita desgaste de ministros
para esperar votações e evitar abertura de precedentes
Alojada no condomínio do governo Lula,
a turma da União Brasil se
mostra uma inquilina incômoda. A legenda chegou com um passado embaraçoso,
gosta de farra, circula com amizades indesejadas, tem uma família que não se
entende e, para piorar, dá sinais de que não tem fundos para pagar todo o
aluguel.
Lula cedeu três ministérios à União Brasil com a esperança de convencer boa parte de seus 59 deputados e 9 senadores a votar a favor dos projetos do governo. A legenda não só está longe de entregar esse apoio como se tornou uma fonte precoce de dor de cabeça para o Planalto.
Logo nas primeiras semanas de mandato,
a Folha noticiou que a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, se
elegeu deputada com o apoio
de um grupo que tem ligações com uma milícia que atua no Rio.
Em fevereiro, o jornal O Estado de S. Paulo
mostrou que, antes de assumir o Ministério das Comunicações, Juscelino Filho
direcionou verba do Orçamento para asfaltar uma estrada que corta sua fazenda.
No cargo, ele recebeu
diárias numa viagem para participar de um leilão de cavalos.
O terceiro ministro indicado pelo partido,
Waldez Góes (Integração Nacional), já tinha um histórico conhecido. Ele foi
condenado no STJ em 2019 por desvio de recursos quando era
governador do Amapá, mas a ação foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal no
ano seguinte.
O presidente avisou a auxiliares que
gostaria de evitar que acusações contra ministros se tornassem
um problema político para o governo. Por enquanto, contudo, Lula
prefere absorver esses desgastes.
O petista disse a aliados que é cedo para
abrir o precedente de afastar ministros com base em casos que ainda não tiveram
desfecho —o que poria em risco outros subordinados que ele não está disposto a
demitir.
Além disso, o presidente quer medir o apoio
que as bancadas da União podem dar ao governo nas primeiras votações de peso.
Uma troca de cargos só ocorreria para atrair o apoio de outros grupos do
partido ou de mais legendas do centrão.
2 comentários:
Pois é.
Faz sentido
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