segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Denis Lerrer Rosenfield - A esquerda fanática

O Estado de S. Paulo

O alinhamento não se faz mais segundo valores universais, apregoados por Marx e Engels, mas segue a linha do autoritarismo mais explícito

A diplomacia presidencial de Lula da Silva, com apoio entusiasta do PT e o auxílio inestimável de seus assessores esquerdistas, é um exemplo eloquente do que esse setor da esquerda brasileira se tornou. Se antes alguns comedimentos eram ainda resguardados, agora a máscara caiu. O alinhamento não se faz mais segundo valores universais, apregoados por Karl Marx e Friedrich Engels, mas segue, atualmente, a linha do autoritarismo mais explícito, no apoio inabalável a Vladimir Putin e Nicolás Maduro, além dos companheiros de sempre, como os sucessores dos irmãos Castro, e, mais aterrador, na aliança com o totalitarismo islâmico, a exemplo do Hamas, Hezbollah e Irã. As escolhas foram feitas!

O Irã acaba de bombardear Israel com 181 mísseis balísticos, alvejando populações civis e bases militares, em uma evidente declaração de guerra, sem que Israel tenha invadido o seu território. Resposta do Itamaraty: silêncio. Manifestou dias depois “preocupação”. Revelador, não? Contudo, quando Israel exerce o seu direito de autodefesa, Lula não cessa de falar, em uma compulsão incontrolável, na qual se revela todo o seu antissemitismo. Se fôssemos seguir a sua lógica, na verdade ilógica, Israel deveria se submeter aos seus assassinos. Os ideólogos do PT poderiam, então, se regozijar em seu “humanismo”.

O ataque iraniano não tem nada a ver com a causa palestina. O regime dos aiatolás tem um único e só objetivo: aniquilar o Estado de Israel e, subsequentemente, os judeus pelo mundo afora. Preliminar disso já observamos nos atentados perpetrados na Argentina. Aliás, lá também com a complacência da esquerda peronista. Os palestinos são nada mais do que o pretexto utilizado para atrair a esquerda mundial, sobretudo de corte identitário. Se amanhã houvesse um acordo entre Israel e os palestinos, com a criação de um novo Estado, os ataques iranianos não iriam simplesmente cessar. Em nada ele contribuiria para o objetivo totalitário: a destruição do Estado judeu.

Essa esquerda nem mais se preocupa com as aparências: aprecia a violência pela violência, em nome da causa “decolonial”. Poderia, pelo menos, ser coerente: se prega a emancipação total das mulheres, deveria condenar o que ocorre com elas sob o regime totalitário iraniano. São submetidas a controles rigorosos de vestimentas, de exercício da sexualidade, como se fossem servas. Se não o fazem, são reprimidas, censuradas, torturadas e assassinadas às centenas, se não aos milhares. E o que têm a dizer as feministas esquerdistas: nada. Simplesmente se calam e são, dessa maneira, cúmplices. Os valores feministas não valeriam para as mulheres iranianas e para as submetidas aos regimes islâmicos. Tampouco valeriam para as mulheres estupradas e assassinadas nos ataques do 7 de Outubro e para as que são até hoje reféns do Hamas.

Provavelmente por ignorância, se não por má-fé, de onde Lula e seus assessores ideologizados tiraram a ideia de que o Hamas luta pela criação de um Estado palestino ao lado do judeu? Nem leram a carta de fundação dessa organização terrorista nem escutaram o que dizem os seus líderes. Eles visam unicamente à aniquilação do Estado de Israel. E a esquerda mundial, sobretudo universitária (lugar de despensamento), se encanta: “From the river to the sea, Palestine will be free” – do rio (Jordão) ao mar (Mediterrâneo), a Palestina será livre. Como assim? Onde fica a criação de dois Estados se Israel deve ser aniquilado?

O apreço dessa esquerda pela violência é seu traço definidor. Irã, Hamas e Hezbollah apregoam o culto da morte e do martírio. Festejam massacres, atentados terroristas e tudo aquilo que contribua para a supressão dos valores ocidentais, de liberdade, igualdade, tolerância e bem-estar de suas populações. Cometem crimes de guerra ao utilizarem os seus habitantes como escudos humanos. Lançadores de foguetes, armas e munições estão entrelaçados aos civis que se tornam os seus reféns. Procuram assim fazer com que Israel apareça como o agressor quando ataca os alvos militares. Para o Hamas e o Hezbollah, os palestinos são buchas de canhão. Os túneis servem somente aos terroristas, que ficam em abrigos, enquanto os civis entram no fogo cruzado. Israel, por sua vez, protege a população civil em abrigos construídos com essa finalidade, enquanto os seus soldados lutam a céu aberto. As organizações terroristas cultuam a morte, Israel, a vida.

Por último, o Hezbollah é um Estado dentro de um Estado, seu exército sendo superior ao libanês. E não responde às autoridades desse país, mas ao Irã, do qual é um satélite. Ou seja, o Líbano, que já foi considerado a Suíça do Oriente Médio, exemplo de liberdade, tolerância e convivência multiétnica e religiosa, convivendo pacificamente cristãos de diferentes confissões, muçulmanos xiitas e sunitas, drusos e árabes, é hoje um Estado escravo. Perdeu a sua soberania.

Triste fim dessa esquerda que, outrora, se apresentava como democrática.

4 comentários:

Anônimo disse...

O que um representante da Direita fanática pode falar sobre a Esquerda fanática?? O pseudofilósofo afunda cada vez mais... Verdade e valores são práticas que já não fazem mais parte do discurso ou da análise do colunista bolsonarista.

ADEMAR AMANCIO disse...

Eu sou de esquerda e critico tudo o que ele apontou,mas defender Israel e sua sanha macabra é radicalismo puro,estão todos errados.

Luiz Oliveira disse...

O articulista, fiel a sua costumeira postura ideológica, não comenta sobre as ações do governo de Israel quanto ao massacre de palestinos em Gaza, repudiado em manifestações públicas de parte do povo judeu, que condena as ações militaristas do governo israelense.

Anônimo disse...

Tenho ânsia de vômito só de pensar em ter aula de Filosofia com um imbecil como este. Imagina que aula de História ele poderia dar... Mais que bolsonarista, é um completo canalha!