Folha de S. Paulo
Cenário global truculento foi o gatilho que
me fez pensar no amor como antídoto contra a ambição desenfreada por poder
É preciso falar de amor. Não o amor
romântico, mas o amor atitude, coisa que envolve "cuidado, compromisso,
confiança, responsabilidade, respeito e conhecimento", como escreveu bell
hooks em "Tudo Sobre o Amor – Novas Perspectivas", onde
destaca que pensar o amor como ação pode despertar maior responsabilidade e
comprometimento.
Sei que pode soar algo piegas, inocente e até infantil. Mas o mundo tem acompanhado o recrudescimento da imposição truculenta do poder econômico sobre praticamente todas as coisas. E esse cenário global foi o gatilho que me fez pensar no amor como antídoto potente contra a ambição desenfreada por poder e riqueza.
Várias atitudes arbitrárias e truculentas
sinalizam que alguma coisa está muito fora da ordem mundial que entrou em vigor
com o final da Guerra
Fria (década de 1990). Em 2025, o "império" norte-americano
contra-ataca explicitamente com desrespeito a protocolos e acordos
internacionais, enfraquecimento de organismos multilaterais, corrosão
de políticas de diversidade e inclusão, ameaças
à soberania de outras nações, informações falsas, promessa de limpeza
étnica, planos urbanísticos mirabolantes e uma ofensiva comercial de impacto em
escala global por conta de um tarifaço. Tudo isso com a adesão e o apoio de
magnatas das bigtechs, as grandes responsáveis pela propagação do ódio na
atualidade.
No discurso feito no Capitólio, em
Washington, o presidente
dos EUA disse que "o sonho americano é imparável". Resta
saber o que acontecerá se a imprudente sanha expansionista servir de estímulo
para que outros líderes com pendor autoritário também se sintam motivados a
agir como donos do mundo
Compartilho da opinião de que o amor é capaz
de impedir que a ganância seja tratada como um valor em si e se sobreponha à
noção de civilidade construída até aqui com muito sangue, suor e lágrimas. Como
disse o reverendo Martin Luther King Jr., em discurso histórico proferido no
século passado, "é o amor que salvará nosso mundo e nossa civilização, o
amor até mesmo pelos inimigos."
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