Correio Braziliense
A agressão absurda e desmedida entre Israel e
Irã é o capítulo final da Segunda Guerra Mundial. Judeus saíram da Europa e
conseguiram um país para viver. Expulsaram os locais. Aprenderam as técnicas de
genocídio e as aplicam em Gaza
É mais fácil matar um elefante, do que
retirar seus despojos da sala. O ditado é antigo, mas se aplica à confusão
político-militar que o mundo está passando sob a batuta histriônica de um
presidente dos Estados Unidos que se comporta como adolescente em busca de
novas emoções. Os tempos atuais apresentam profundas modificações na política
internacional e no cenário do comércio entre as nações. Chama atenção a
vertiginosa queda do dólar e no sentido inverso a vertiginosa valorização do
ouro, quase cem por cento em pouco mais de um ano. A moeda norte-americana está
sendo colocada sob suspeição em todos os centros financeiros do mundo.
A decadência norte-americana assusta. A queda do dólar é o meio encontrado por governos de países menos desenvolvidos para aumentar exportações, encarecer importações e elevar o saldo comercial. É uma prática velha conhecida dos brasileiros. Volta e meia, um governo resolve fazer ajuste no câmbio e eleva o preço das moedas fortes. O brasileiro deixa de viajar para o exterior, reduz compras no estrangeiro e passa a privilegiar o produto nacional, embora mais caro. País rico não costuma cometer este tipo de plano. É política de pobre.
As tarifas extraordinárias, chamadas de
compensatórias pelo presidente dos Estados Unidos, não resultaram em nada de
positivo até o momento. Ele afirmou, com todas as letras, que havia uma fila de
representantes de países querendo negociar com Washington. "Eles querem
beijar a minha bunda"(sic). Mas até agora apresentou apenas um acordo
discreto com o Reino Unido, que sempre foi sócio nas ações norte-americanas no
mundo. A nação começou sua vida na qualidade de colônia britânica. Rompeu laços
políticos, mas jamais se distanciou da pátria mãe. Além deste acordo, não houve
mais nenhum outro conhecido e divulgado. Com a China, ocorreu um entendimento
provisório de sessenta dias. Uma espécie de cessar-fogo temporário.
No exercício da política externa, Donald
Trump é um homem de negócios. Só enxerga o dólar na frente dele. Criou um
cartão de cinco milhões de dólares para quem deseja receber o green card, que
dá direito a viver e trabalhar no país. O dinheiro será destinado a reduzir a
dívida, que ultrapassa a casa de vários trilhões de dólares. Não vai resolver o
problema, mas ele anuncia que já apareceram mais de setenta mil interessados.
Ele faz negócios para si e sua família. Recentemente, na Arábia Saudita, seu filho
negociou à vontade. O presidente recebeu de presente um avião Boeing 747, com
todos os luxos possíveis e imagináveis. Este foi o agrado que recebeu pelos
bons negócios feitos na sua rápida passagem pelos países árabes. Nos Estados
Unidos acabou de lançar o Trump phone, aparelho dourado, que teria algumas
vantagens sobre os concorrentes.
O presidente disse que terminaria a guerra da
Ucrânia em poucos dias. Errou completamente. O conflito se tornou mais
violento, as tropas da Ucrânia resistem há quatro anos. Recentemente, fizeram
uma importante incursão em território inimigo e colocaram fora de ação mais de
um terço da aviação russa. Os russos, por sua vez, atacam sem piedade a
capital, Kiev. Em suma, a guerra escalou, em vez de caminhar para uma possível
paz ou pelo menos para um cessar fogo. Tudo piorou. Trump e Putin são amigos.
Mas os interesses foram maiores que as amizades.
No caso de Israel, foi mais longe. Deu apoio
político e militar ao estado judeu. Prepara o lançamento da bomba capaz de
perfurar o solo (a temida MOP GBU-57) para atingir as instalações nucleares que
afirma existir. A CIA, órgão de espionagem do governo dos Estados Unidos,
reafirma que o Irã não está construindo a bomba atômica. Na guerra do Iraque,
ocorreu o mesmo fenômeno: o argumento foi de que Saddam Hussein estava
construindo armas de destruição em massa. Mentira. As forças armadas dos
Estados Unidos destruíram o país, saquearam suas preciosidades e assumiram o
negócio do petróleo. Não produziram nada de positivo, nem encontraram a paz.
A agressão absurda e desmedida entre Israel e
Irã é o capítulo final da Segunda Guerra Mundial. Judeus saíram da Europa e
conseguiram um país para viver. Expulsaram os locais. Aprenderam as técnicas de
genocídio e as aplicam em Gaza. Agora, enfrentam um inimigo mais poderoso. O
Irã, antiga Pérsia, tem mais de dois mil anos de história e 90 milhões de
habitantes. É um país de renda média, com governo autoritário de fundamento
religioso. A solução diplomática tem menos custo financeiro e exige menor perda
de vidas humanas. Mas, faltam estadistas. A decadência do Império está à vista
de todos. É difícil remover o cadáver da sala.
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