Ana Paula Grabois, do Rio
DEU NO VALOR ECONÔMICO
DEU NO VALOR ECONÔMICO
Os governadores dos Estados produtores de petróleo levaram mais um susto. O projeto de lei sobre a capitalização da Petrobras prevê o pagamento de royalties, segundo a Lei do Petróleo, mas nada fala sobre a Participação Especial. "Não estava sabendo, isso é ilegal, estamos surpresos", disse o secretário estadual de Desenvolvimento do Rio, Julio Bueno, um dos principais auxiliares do governador Sérgio Cabral (PMDB) sobre o pré-sal.
A capitalização da estatal consiste na cessão pela União de até 5 bilhões de barris de petróleo em áreas não concedidas do pré-sal. As perdas para Estados e municípios corresponderiam a um montante entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão ao ano, de acordo com projeções do secretário Julio Bueno. Considerando a arrecadação durante 30 anos de operação dos novos campos do pré-sal, a perda poderia chegar de R$ 30 bilhões a R$ 45 bilhões aos Estados e municípios produtores.
Já o secretário estadual de Fazenda, Joaquim Levy, tem outra avaliação sobre a capitalização da Petrobras. Ele não vê problemas relacionados aos efeitos na arrecadação de Estados e municípios. Cita o artigo 49 do projeto de lei apresentado na segunda-feira que dispõe sobre exploração e produção de petróleo sob o regime de partilha. Segundo Levy, o dinheiro que a União vai usar para capitalizar a Petrobras, correspondente aos 5 bilhões de barris, será descontado da parte que lhe caberia em royalties e participações especiais. Nesse sentido, Estados e municípios já seriam compensados.
Levy, contudo, critica o plano de capitalização da Petrobras porque se baseia em produção de campos ainda não descobertos e não licitados. "Foi criado um esqueleto de US$ 350 bilhões para a União", disse o secretário, considerando a cotação do barril em US$ 70.
A Participação Especial incide sobre a receita líquida de grandes áreas produtoras de petróleo e gás e a alíquota varia de 10% a 40% dependendo do volume de produção. Conforme a legislação atual, metade das Participações Especiais vai para a União. Outros 40% ficam com os Estados produtores ou confrontantes e 10% são destinados aos municípios produtores ou confrontantes.
O projeto de lei apresentado na segunda-feira pelo governo mantém as atuais regras para pagamento de royalties e Participações Especiais até que o Congresso aprove nova regulamentação para a partilha entre União, Estados e municípios dos dois direitos indenizatórios da exploração de petróleo.
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