segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Rio gastará cem vezes mais em publicidade

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Para 2010, prefeito Eduardo Paes prevê despesa de R$ 60 milhões

Wilson Tosta, RIO

A poucos dias de encerrar seu primeiro ano à frente da Prefeitura do Rio, Eduardo Paes (PMDB) se prepara para multiplicar por quase 100 o gasto anual do município com publicidade, passando-o de pouco mais de R$ 600 mil em 2009 para R$ 60 milhões. Uma licitação para contratar três agências do setor e uma empresa de eventos por 24 meses, ao preço de R$ 120 milhões, já está em curso, devendo quebrar um padrão anterior da administração municipal - o de gastar pouco na área.

"Aqui não tinha agência, o Cesar Maia não fez", diz Paes, admitindo que seu antecessor gastou pouco com divulgação na gestão passada. Ele afirma, entretanto, não ter pressa para fechar o contrato e, apesar da presença forte que tem na mídia, nega tê-la como prioridade. "É uma publicidade institucional. Minha ideia é gastar institucionalmente, fazer campanhas, divulgar as ações da prefeitura, mas não tenho ainda foco definido", diz Paes. "Não estou com muita pressa, estou há um ano lançando o edital. Não é o que está me angustiando."

Na proposta orçamentária, com votação prevista para hoje, a publicidade tem pouco mais de R$ 20 milhões reservados - será necessário fazer uma suplementação, depois da licitação. Não será difícil, se o prefeito conseguir aprovar o índice de 30% de remanejamento de verbas sem consulta ao Legislativo. É o que propõe no projeto de lei. Em 2005, a despesa empenhada pela prefeitura para publicidade foi R$ 1.947.461; em 2006, 166.866; em 2007, R$ 818.029,11; em 2008, R$ 448.286,20; em 2009, R$ 649.492.

Paes reconhece que apertou muito as despesas em 2009. Também obteve algumas receitas extras, como o aumento de arrecadação do IPVA, devido à Operação Lei Seca, do governo estadual, para reprimir a mistura de bebida e direção - nas blitze, checa-se também se os tributos do veículo estão em dia. Levantamento do Fórum Popular do Orçamento mostra o tamanho do garrote. Até o fim de novembro, a prefeitura investira apenas R$ 453 milhões, cerca de R$ 200 milhões abaixo dos R$ 673 milhões investidos em 2005, primeiro ano da última gestão de Maia. Os números já estão corrigidos pelo IPCA.

"O caixa veio muito apertado", diz Paes. "Apertei no custeio, nos cargos." Mesmo não investindo, Paes garantiu noticiário positivo com o "choque de ordem" - operações contra ambulantes, sujeira e desordem urbana - e atividades de rua.

O prefeito segue intensa agenda pública diária, com iniciativas de impacto, que vão de descer de bicicleta da residência oficial, na Gávea Pequena, ao Palácio da Cidade, em Botafogo, no Dia Mundial sem Carro, a tocar em bateria e "brincar" de paciente de dentista, como no Pavão-Pavãozinho, no dia 18.

Para a vereadora Andréa Gouvêa Vieira (PSDB), da minoria oposicionista na Câmara Municipal, o prefeito foi para a rua por motivo político. Ela lembra que Paes venceu um segundo turno muito apertado, derrotando Fernando Gabeira (PV) por pouco mais de 50 mil votos, e assumiu uma cidade dividida. "Quando ele tomou posse, tinha gente na rua pedindo anulação da eleição."

Paes nega. "Saio no fim de semana direto, sem vocês, sem imprensa. Sábado e domingo saio andando de bicicleta pelo subúrbio."

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