sábado, 13 de fevereiro de 2010

Lula acusa FHC de ''baixar nível'' do debate e desrespeitar Dilma

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Apesar da queixa, em reunião ministerial presidente xingara presidente do PSDB de ""babaca""

Tânia Monteiro


Incomodado com as críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a seu governo e à ministra e candidata do PT ao Planalto, Dilma Rousseff, o presidente Lula disse ontem, em Goiânia, que FHC está "baixando o nível" e "faltando com o respeito". Na avaliação de Lula, o ex-presidente tem "medo de cair no esquecimento" da população e "mágoa" pelo sucesso que o governo do PT faz dentro e fora do Brasil.

Fernando Henrique iniciou uma série de críticas com um artigo publicado no Estado, domingo passado, acusando Lula e seus ministros de praticar uma espécie de "autoglorificação" que, na euforia, faz com que "inventem inimigos" e "enunciem inverdades". FHC também disse, em entrevistas, que Dilma é "autoritária", "não é líder, é um reflexo do líder" e "um ventríloquo".

Apesar da queixa sobre "baixo nível" do debate, na primeira reunião ministerial deste ano Lula xingou de "babaca" o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). Em 2008, Lula também disse que os candidatos da oposição eram "oportunistas". Em 2001, sem provas, em entrevista à imprensa de Campinas, Lula chamou de "assaltante" dos cofres públicos o ex-prefeito da cidade Francisco Amaral. A ministra Dilma também chamou de "oportunistas" os parlamentares que, no fim de 2007, votaram a favor da extinção da CPMF, o imposto do cheque.

Ontem, em entrevista a rádios de Goiânia, com Dilma a seu lado, Lula aconselhou sua candidata a não responder ao ex-presidente. "Não tem por que responder. Deixa ele fazer as críticas porque eu acho que ele está baixando muito o nível para um homem que tem a formação intelectual que ele tem."

Ao considerar "nostálgicas" as críticas de Fernando Henrique, Lula disse que ele trata Dilma como "inimigo a criticar" porque essa é "uma forma de voltar a ser (lembrado) na política". Em seguida, observou que o governador de São Paulo, José Serra, e o ex-governador Geraldo Alckmin, quando foram candidatos à Presidência, respectivamente em 2002 e 2006, não quiseram o apoio de FHC em suas campanhas. Lula recomendou ao antecessor que esperasse começar a campanha para ver Dilma participar dos debates "e poder fazer julgamento".

Questionado sobre a afirmação de FHC de que Dilma age como seu "ventríloquo", o presidente disse que essa declaração é "uma coisa pequena". E ironizou: "Ele deve ter alguma mágoa de o meu governo ter tido tanto sucesso, de o Brasil estar tão reconhecido internacionalmente, coisa que ele achava que não ia acontecer porque imaginava que nós íamos ser um fracasso total." Acrescentou: "Quando vê eu ganhar o prêmio de Homem do Ano pelo El País , pelo Le Monde, ele deve ficar muito chateado."

Lula disse ainda que "um ex-presidente da República tem o direito de ficar quieto ou tem o direito de falar o que bem entender". E emendou: "Fernando Henrique Cardoso será julgado pelas suas palavras, como foi julgado pelo seu governo."

Na entrevista, o presidente disse também que desde o governo do general Ernesto Geisel (1974-1979), é a primeira vez que se investe em infraestrutura no País. Considerou, no entanto, que Geisel "errou" ao deixar dívida para seus sucessores. Observou que seu governo está agindo de forma diferente e não está pegando dinheiro no exterior para as obras que continuarão com o PAC 2. "Vamos fazer muitas obras. Isso, agora, não para mais", anunciou Lula.

FHC incomoda-se com essa referência constante de Lula ao "planejamento e investimento dos governos militares" e vê nisso uma forma de o presidente não tratar das boas decisões tomadas pelo governo tucano. "Há três semanas Lula disse que recebeu um governo estagnado, sem plano de desenvolvimento. Esqueceu-se da estabilidade da moeda, da Lei de Responsabilidade Fiscal, da recuperação do BNDES, da modernização da Petrobrás, que triplicou a produção depois do fim do monopólio e, premida pela competição e beneficiada pela flexibilidade, chegou à descoberta do pré-sal", escreveu FHC no artigo publicado no Estado.

FRASES

20/01/2010
Sérgio Guerra
Presidente do PSDB

"Dilma Rousseff mente. Mentiu no passado sobre seu currículo e mente hoje sobre seus adversários. Usa a mentira como método. Mente sobre o PAC, mente sobre sua função. Não é gerente de um programa de governo e, sim, de uma embalagem publicitária que amarra no mesmo pacote obras municipais, estaduais, federais e privadas"

21/01/2010
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente

"O Sérgio Guerra é um babaca e está desconectado da realidade. Se saísse de casa e andasse em Pernambuco, veria as obras do PAC"

8/02/2010
Fernando Henrique Cardoso
Ex-presidente

""Dilma pode ser que venha a ser (líder) mas, por enquanto não é. Por enquanto é reflexo de um líder"

9/02/2010
Tasso Jereissati
Senador

"Essa mentira (sobre números do PAC) que foi colocada pela ministra Dilma não pode ficar passando como verdade, e, de novo, essa liderança de silicone que está sendo construída, falsa, bonita por fora, mas falsa por dentro, sem dúvida nenhuma, precisa começar a ser desmascarada"

Um comentário:

carlos abreu disse...

Pobre Tasso!
Tambem pode se chamado de "BABACA"pois esse adjetivo lhe cai muito bem.