“Como Kafka, no início do século XX, Gramsci viu a “América” como um terreno avançado de contradições e de lutas, de alienações e de utopias.
Como Chaplin, em Tempos modernos, Gramsci viu crescer com o operário das grandes fábricas fordistas “um novo tipo de homem”, que Taylor sonhara reduzido a “gorila amestrado”.
Como Brecht, no entanto, Gramsci sabia — e também o sabiam, ele diz, os industriais americanos — que “um homem é um homem”, ou seja, que, “infelizmente, um homem permanece um homem”: o fato de que não lhe seja dado pensar dentro do trabalho na cadeia produtiva favorece o surgimento, nele, de um “curso de pensamentos pouco conformistas”.
Como Benjamin, Gramsci considerava a taylorização do trabalho intelectual, o ocaso do humanismo, do homo faber, da aura, o conúbio entre arte e tecnologia, como uma nova Atlântida, cujo pensamento laico e socialista se devia criativamente apropriar, projetando — com o comunismo — um grandioso e progressivo processo de unificação do gênero humano. “
(Giorgio Barrata, no artigo, “Gramsci, eu o vi assim” no site Gramsci e o Brasil)
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