DEU NO CORREIO BRAZILIENSE
Luciano Pires e Gabriel Caprioli
Luciano Pires e Gabriel Caprioli
A valorização do real frente ao dólar será um dos freios para o crescimento da indústria em 2011. O setor estima que, assim como neste ano, as importações continuarão aquecidas, as exportações vão avançar a um ritmo menos intenso e as fábricas terão de lidar com uma concorrência internacional ainda mais acirrada. Tal cenário, apresentado ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), implica em saltos do Produto Interno Bruto (PIB) geral e industrial menores do que os apurados em 2010.
Segmento da economia que mais sofreu com os reflexos da crise mundial de 2008, a indústria se levanta aos poucos do tombo que levou. A produção e o emprego se recuperam lentamente e os empresários aguardam com ansiedade pelo pacote de medidas que deverá ser anunciado hoje pelo governo e que prevê incentivos ao financiamento privado de longo prazo. Apesar disso, o setor tem o que comemorar. Conforme dados da edição especial do Informe Conjuntural CNI, o PIB industrial vai encerrar este ano com alta de 10,9% e 2011 com um saldo de 4,5%. O PIB geral do país, por sua vez, baterá em 7,6% em 2010, enquanto que a previsão para 2011 é de 4,5%, devido, sobretudo, ao aumento da taxa básica de juros dos atuais 10,75% para 12%.
Robson Braga de Andrade, presidente da CNI, disse que a indústria brasileira vem sendo bastante pressionada, o que pode afetar sensivelmente a competitividade de alguns ramos. “O país vai perdendo capacidade de inovar, de desenvolver tecnologias, que são fundamentais para que outras atividades econômicas possam crescer de forma mais competitiva”, explicou. Segundo ele, é preciso pensar em soluções de curto, médio e longo prazos que protejam o país de ataques desleais.
“O que não podemos continuar fazendo é jogando as empresas para concorrer em um mercado predatório, com países que não investem na questão ambiental, não se preocupam com a questão trabalhista e que têm uma taxa de câmbio manipulada. Isso não podemos”, justificou Andrade.
Alinhados com o que a equipe econômica do futuro governo tem ressaltado, os industriais acreditam que 2011 será um ano de contenção de gastos correntes. As medidas fiscais, no entanto, devem vir combinadas com outras igualmente eficazes, justificou a CNI. Para os empresários, é preciso gastar melhor e abrir canais para que o investimento privado deslanche.
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