Dilma já expressou sua resistência a ver ministérios como feudos do partido
Gerson Camarotti, Maria Lima
BRASÍLIA. Para evitar disputas internas entre petistas e não melindrar a relação da sigla com a presidente Dilma Rousseff, o PT já informou ao Planalto de que vai trabalhar para manter no governo, a partir da reforma ministerial do início de 2012, o mesmo espaço ocupado hoje pelas tendências da legenda. Oficialmente, Dilma ainda não chamou o PT para discutir o tema. Porém, já intrigam os petistas as informações de que ela pretende reduzir o número de secretarias temáticas com status de ministérios - todas ocupadas por petistas.
Ao tomar conhecimento dessa movimentação, Dilma expressou sua resistência à lógica petista de fazer um loteamento de ministérios como se fossem feudos de correntes partidárias. Ciente de que esse debate é delicado, o presidente do PT, deputado estadual Rui Falcão (SP), trata de esvaziar a discussão, afirmando que jamais conversou com Dilma sobre o tema.
Nos bastidores, porém, a perda de espaço de correntes do PT tem sido a maior preocupação dos petistas.
- As tendências devem manter seus espaços no governo. Isso é importante para preservar o equilíbrio partidário - disse ontem o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).
A corrente Democracia Socialista (DS), por exemplo, tem feito forte mobilização para manter o Desenvolvimento Agrário. O atual ministro, Afonso Florence, é citado nas listas de cotados para sair na reforma.
Já a corrente majoritária Construindo um Novo Brasil deseja manter a influência na Educação, com a saída de Fernando Haddad para disputar a prefeitura de São Paulo. Um grupo da corrente já defende a senadora Marta Suplicy para o posto.
Mas, como o Planalto sinaliza para uma solução técnica para a Educação, o PT tenta outra pasta para Marta, como a Cultura.
Outra tendência que deseja manter espaço é a Articulação de Esquerda. No governo, é representada pela ministra Iriny Lopes (Mulheres), que deve disputar a prefeitura de Vitória.
- A Articulação de Esquerda aceita substituir Iriny, desde que indique o substituto para o mesmo cargo - diz o vice-presidente do PT, deputado José Guimarães (CE).
Nas demais tendências, não deve haver disputa, já que a Mensagem deve manter o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e a Movimento PT está contemplada com Maria do Rosário (Direitos Humanos).
O Campo Majoritário é representado por vários ministros, como Alexandre Padilha (Saúde), Paulo Bernardo (Comunicações), Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e o próprio Haddad.
- A mesma coisa que serve para os partidos tem de servir para as tendências. Seria saudável fazer um rodízio de pastas, inclusive entre as tendências - disse o secretário de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR).
O Planalto já identificou na movimentação das tendências do PT resistência à proposta de fundir secretárias temáticas - Igualdade Racial e Mulheres - numa única pasta de Direitos Humanos. Após as reações, Dilma pode desistir da ideia, para não complicar a relação com o PT e movimentos sociais.
FONTE: O GLOBO
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