quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Com vice do PSB gaúcho, Marina entra na campanha

• Deputado federal diz que não é necessário carta compromisso para garantir projetos defendidos por Campos

Catarina Alencastro, Eduardo Bresciani e Simone Iglesias – O Globo

BRASÍLIA e RECIFE - Após receber apoio da família de Eduardo Campos, o deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS) conquistou o posto de vice na chapa presidencial de Marina Silva. A Executiva Nacional do PSB tem uma reunião marcada para hoje, na qual a chapa deve ser formalizada. A decisão de colocar Albuquerque como vice foi sacramentada após uma série de reuniões em Recife, das quais participaram parentes e aliados de Campos e os dois principais dirigentes nacionais do partido: o presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, e o secretário-geral, Carlos Siqueira.

- Eu me senti honrado em receber essa missão, com o apoio do PSB de Pernambuco; de Renata (viúva de Campos); do prefeito do Recife, Geraldo Júlio; e do candidato (ao governo de Pernambuco) Paulo Câmara; de representar o pensamento, a trajetória, o legado de Eduardo Campos junto com Marina. A morte de Eduardo Campos não foi em vão - afirmou Albuquerque, na saída do encontro com Amaral e Siqueira.

Candidato recebeu aval de Renata Campos
Albuquerque esteve na casa de Renata Campos ontem à tarde, junto com Geraldo Júlio, Paulo Câmara, e o presidente do PSB do estado, Sileno Guedes. Após receber o aval da viúva, foi ao encontro de Amaral e Siqueira:

- Essas consultas nos levam a anunciar, ressaltando que cabe à Executiva decidir, que será levada a proposta para a reunião de termos Marina candidata à Presidência e o deputado Beto Albuquerque a vice. A questão não era chegar com uma proposta à Executiva, mas conseguir consenso. A Renata seria unanimidade dentro do partido, mas ela declinou o convite - explicou Amaral.

Albuquerque afirmou que não é necessária uma carta compromisso para que sejam mantidos os projetos que vinham sendo defendidos por Campos nem as alianças estaduais. Afirmou que o programa de governo, que ainda não foi divulgado, é suficiente. Ressaltou que as alianças regionais costuradas por Campos serão mantidas. O PSB poderá, no entanto, fazer "considerações" sobre o que pensa do processo eleitoral.

Amaral afirmou que o lançamento oficial da campanha deve ser no Recife, no próximo fim de semana. A intenção é reunir lideranças do partido para demonstrar unidade em torno da nova chapa. Desde sexta-feira, o nome de Albuquerque passou a circular como opção dentro do PSB. Ele é candidato ao Senado no Rio Grande do Sul, mas tinha poucas chances. Além disso, era um dos parlamentares mais ligados a Campos e foi um dos primeiros a defender a candidatura própria à Presidência.

Após a realização da missa de sétimo dia de Campos, na Catedral Metropolitana de Brasília, ontem, Marina Silva fez breve pronunciamento em homenagem ao companheiro de partido. Sem tratar de sua candidatura à Presidência, disse que agora é preciso reunir esforços para renovar a política:

- Neste momento, nosso esforço, independente de partidos, é de que toda sua trajetória, sua insistência em renovar a politica não seja tratada como uma herança onde cada um pega um fragmento do despojo, mas como um legado que, quanto mais pessoas puderem se apropriar dele, maior ele fica, porque se multiplica no coração, nas mentes e na ação daqueles que não desistem de que esse mundo possa ser socialmente justo, economicamente próspero, culturalmente diverso, politicamente democrático e ambientalmente sustentável.

O vice-presidente, Michel Temer, e os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), Moreira Franco (Aviação Civil) e Marta Suplicy (Cultura) representaram o governo.

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