• Ministro da Saúde afirma que atuará na estratégia de defesa de Dilma
Júnia Gama- O Globo
-BRASÍLIA- Preocupado com possível debandada do PMDB depois que o ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil) decidiu deixar o cargo, o Planalto se mobilizou ontem para garantir que os demais representantes do partido na Esplanada permanecerão. Interlocutores da presidente Dilma telefonaram ao líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), para assegurar que os dois ministros indicados pela bancada, Marcelo Castro (Saúde) e Celso Pansera (Ciência e Tecnologia), continuarão no governo.
O líder procurou os dois ministros e obteve a resposta de que não haverá mudanças.
— Há chance zero de eles saírem — informou Picciani a auxiliares palacianos.
Ao GLOBO, Pansera disse ontem que permanece enquanto Dilma determinar, e se disse contra o impeachment. Para o ministro, as divisões no PMDB são “naturais” e mostram que parte da legenda vai trabalhar pelo impedimento a partir de agora:
— Sou contra o impeachment, sempre fui. Acho que o Brasil tem de aprender a conviver com crises e sobreviver a elas. É normal que um partido de centro como o PMDB se divida em momentos de pressão como este. Mas hoje a maioria no partido é contra o impeachment, em que pese ter alguns quadros que vão trabalhar pelo impeachment.
Castro também afirmou que não pretende deixar o ministério e que participará, inclusive, da estratégia de defesa de Dilma na Câmara. O ministro defende que o PMDB indique apenas deputados contrários ao impeachment para integrar a comissão especial que analisará o processo:
— Estamos traçando a estratégia para o PMDB fazer a defesa de Dilma no Congresso. O PMDB foi às urnas com Dilma, que se reelegeu e tem o direito e o dever de exercer seu mandato. O PMDB faz parte do governo e não houve nenhum fato que fizesse o partido mudar de opinião. Não há fato que sustente o impeachment, não houve crime por parte da presidente. O PMDB tem compromisso com o estado democrático de direito. Seria o último partido a entrar numa aventura dessas.
Questionado se acreditava que o vice Michel Temer deveria fazer defesa mais clara de Dilma, o ministro respondeu:
— Ele é o vice. O partido dele está no governo. Ele vai se pronunciar na hora certa.
A ala governista do PMDB na Câmara quer que Dilma preencha o cargo de Padilha com outra indicação da bancada para firmar o apoio dos deputados nessa fase. A avaliação é que, hoje, a bancada está dividida.
A tendência é que os nomes saiam da bancada mineira no PMDB, que ficou fora da distribuição de ministérios e da liderança na Câmara. Já há inclusive nomes sendo cogitados: Newton Cardoso Junior, Mauro Lopes e Leonardo Quintão.
Há percepção de que trabalhar pelo impeachment é “jogo de alto risco”. Há dúvidas, porém, sobre a permanência de Henrique Alves no Turismo, pela pressão sobre o ministro, ligado ao grupo de Temer, para que faça o mesmo que Padilha.
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