O
petista tem revelado preocupação com o desgaste causado pela Lava-Jato, porque
suas condenações foram anuladas, mas ainda não foi absolvido
O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cogita não disputar a Presidência da
República e participar da chapa do PT como vice, repetindo o estratagema
peronista que elegeu o presidente Alberto Fernández na Argentina, tendo a
ex-presidente Cristina Kirchner como vice. Nesse caso, o nome mais cotado para
encabeçar a chapa seria o do jovem governador do Ceará, Camilo Santana, um
engenheiro agrônomo que governa o estado desde 2014 e foi reeleito com
facilidade. Supostamente, o acordo permitiria uma reaproximação com Ciro Gomes,
cuja candidatura pelo PDT virou uma pedra no sapato de Lula, e também com o
senador tucano Tasso Jereissati (PSDB-CE).
O assunto está sendo discutido pelo círculo mais próximo de aliados de Lula e já divide a cúpula petista. O ex-presidente tem revelado preocupação com o desgaste causado pela Operação Lava-Jato e pelo fato de que ainda está numa posição vulnerável, porque suas condenações foram anuladas, mas ainda não foi absolvido. Seu processo será retomado na Justiça Federal em Brasília, o que pode se tornar uma frente de erosão da sua candidatura. Além disso, está com 75 anos; caso fosse eleito, terminaria o mandato com 80 anos.
Para
Lula, o mais importante é derrotar o presidente Jair Bolsonaro e garantir a
volta do PT ao poder, não necessariamente, voltar a ser o presidente da
República. Seus aliados mais próximos dizem que essa obsessão Lula não tem; se
a tivesse, não teria apoiado a reeleição de Dilma Rousseff, embora, hoje, ele
próprio admita que talvez tenha sido um grave erro. Outros petistas que poderiam
encabeçar a chapa são o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e o governador
da Bahia, Rui Costa. Entretanto, segundo os defensores da candidatura de Lula a
qualquer preço, ambos queimaram a largada quando o petista estava inelegível.
Essa discussão, inclusive, teria desgastado a relação do senador Jaques
Wagner (PT-BA), ex-governador da Bahia, com seu velho amigo Lula.
No
entanto, Lula se movimenta para retirar o PT do isolamento e construir uma
ampla base de alianças em nível nacional, procurando antigos aliados regionais.
Na terça-feira, reuniu-se com os dirigentes do partido no Rio de Janeiro para
discutir o apoio à candidatura do deputado federal Marcelo Freixo (PSol) ao
governo fluminense, numa aliança que incluiria o prefeito do Rio de Janeiro,
Eduardo Paes (DEM), e o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, que sempre teve
boas relações com o PT. Maia está de malas prontas para deixar o DEM. O que
pode inviabilizar essa aliança é a renúncia do atual governador, Claudio
Castro(PSC), que não pretende disputar a reeleição. Nesse caso, o presidente da
Assembleia Legislativa fluminense, André Siciliano (PT), picado pela mosca
azul, assumiria o governo e disputaria a reeleição. Para Lula, o Rio de Janeiro
é considerado decisivo para a derrota de Bolsonaro, pois foi um dos estados que
lhe garantiram a eleição em 2018.
O
outro estado considerado estratégico por Lula é Minas Gerais, onde o PT busca
uma aliança com o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, tendo o ex-
governador Fernando Pimentel no comando das articulações, a partir de suas
relações com o ex-deputado Adalclever Lopes (MDB), secretário de Governo da
Prefeitura de Belo Horizonte e ex-presidente da Assembleia Legislativa mineira,
durante seu governo. A chave da aliança com o PSD, porém, é o apoio do
ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab. Para isso, o PT estaria disposto a
apoiar a candidatura de Kalil ao governo de Minas ou mesmo lhe oferecer a vaga
de vice-presidente, caso Lula seja mesmo o postulante do PT.
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