Folha de S. Paulo
Com previsão de desempenho fraco em 2022,
caciques avaliam distanciamento sem timidez
Jair Bolsonaro também entrou em queda no
mercado futuro da política. A escalada da inflação e as dificuldades da
economia mudaram o cálculo de aliados que apostavam numa recuperação
da popularidade do presidente até a largada da campanha de
2022. Caciques de partidos da base do governo já têm nas mãos um mapa para a
saída de emergência.
A tropa de choque do centrão continua disposta a segurar o impeachment e nem pensa em abandonar agora as emendas que alimentam os políticos dessas legendas. Mas dirigentes da base bolsonarista falam com desembaraço da possibilidade de um desembarque caso a situação do presidente não melhore até março do ano que vem.
Deputados governistas estão felizes com os
milhões do Orçamento que conseguem direcionar para seus estados, mas passaram a
relatar aos líderes partidários o mau humor dos
eleitores desses mesmos redutos. Para alguns, defender o governo
Bolsonaro já não é mais tão confortável –e a situação pode piorar.
Os políticos do centrão costumam farejar o
poder. Até junho, os caciques acreditavam que a sociedade com o governo seria
longa porque o avanço da vacinação e a recuperação da economia lançariam o time
de Bolsonaro num cenário favorável para a reeleição. Agora, muitos não
acreditam que estarão ao lado do presidente na campanha.
Políticos de PL, Republicanos e PP –o
núcleo do centrão bolsonarista– avaliam sem muita timidez os cenários que podem
afastá-los do governo. Até uma ala do PP, que assumiu o coração do Planalto e
abriu negociações para filiar Bolsonaro, pensa em tomar distância.
Mesmo que o centrão não o empurre do penhasco, o presidente terá um péssimo sinal se esses partidos não quiserem fazer campanha a seu lado. O comportamento dos políticos nas bases costuma ser um bom termômetro da eleição. Basta lembrar que, em 2018, as siglas do bloco apoiaram oficialmente Geraldo Alckmin (PSDB), mas preferiram pedir votos com o PT e Bolsonaro.
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