O Estado de S. Paulo.
Fiesp e Febraban afirmam que juros são altos demais e que é preciso agir em busca de solução
Um curto comunicado, distribuído no final
da manhã da última quinta-feira, anunciou a dobradinha de dois pesos-pesados –
um da indústria e outro do setor bancário – repleto de simbolismo que salta aos
olhos no momento atual do cenário de alta de juros altos e estagnação econômica
combinado com o ano de eleições para a Presidência da República.
A Fiesp e a Febraban se juntaram para criar
um grupo de trabalho para estudar e propor medidas para enfrentar as causas dos
juros estruturais do País. Mas a reaproximação das duas entidades vai muito
além do tema escolhido para inaugurar uma nova parceria depois da troca de
comando de Paulo Skaf (próximo ao governo Jair Bolsonaro) para Josué Gomes da
Silva, filho do ex-vice-presidente José Alencar (Lula), que travou uma cruzada
contra os juros elevados.
A relação estava trincada desde às vésperas das manifestações antidemocráticas de 7 de Setembro do ano passado, quando a Febraban passou por uma delicada crise institucional após a entidade assinar um manifesto da Fiesp em defesa da democracia.
As fissuras ficaram, mas BB e Caixa não
deixaram a Febraban.
Agora, com a troca de comando da Fiesp, uma
agenda de aproximação começou a ser traçada, inclusive para apoiar pautas
comuns de medidas.
Em almoço na segunda-feira, Isaac Sidney,
presidente da Febraban, e Josué selaram o acordo para a criação do grupo. O
plano para o futuro das duas entidades é também ter representantes de cada uma
delas nos conselhos técnicos e estratégicos da outra.
Um dos temas de interesse em comum para um
maior alinhamento é a melhoria de garantias para o financiamento de veículos.
Nesse mercado, indústria e bancos têm forte conexão. Hoje, 70% dos veículos
novos produzidos pela indústria automobilística são comprados por meio de
empréstimo bancário. Em 2021, foram financiados mais de 5,90 milhões de
veículos em 2021.
Uma ação em conjunto será a defesa da
aprovação de uma emenda para ser incluída em proposta que tramita no Congresso
para facilitar a recuperação de garantias, com a busca e apreensão de veículos
extraoficialmente.
No comunicado desta semana, o presidente da
Fiesp diz que os altos juros no Brasil são um problema estrutural e um entrave
ao desenvolvimento que precisa ser encarado de frente e logo. Já o presidente
da Febraban afirma que os juros são altos, mas não por vontade dos bancos, e
que é preciso parar de criticar e agir. Nesse ponto, será preciso muito mais
que um alinhamento. Esperamos para ver.
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