domingo, 18 de setembro de 2022

Merval Pereira - Coalizão propositiva

O Globo

Agenda ambiental entra definitivamente na pauta das eleições, com a união entre Marina Silva e Lula

A questão ambiental ganhou definitivamente protagonismo na campanha eleitoral com a adesão de Lula a um programa apresentado por Marina Silva em nome do partido Rede Sustentabilidade. Foi o primeiro passo para um governo de coalizão baseado em programas de ação, e não em distribuição de cargos ou benesses fisiológicas.

O mesmo aconteceu recentemente na Alemanha para a formação da nova aliança que dá sustentação ao sucessor de Angela Merkel, o primeiro-ministro Olaf Scholz. A Alemanha será governada pela primeira vez a nível federal por uma coalizão de três partidos, o que já está sendo conhecida como uma "coalizão semáforo", devido às cores dos partidos social-democrata (vermelho), liberal (amarelo) e verde.

O acordo de coalizão prevê mudanças significativas na política ambiental da Alemanha, com grandes investimentos em energias renováveis. Os verdes, o terceiro partido mais votado na eleição de setembro, conquistaram 14,8% dos votos, já o SPD foi o mais votado, com 25,7%, e os liberais ficaram em quarto, com 11,5%. O Partido Verde terá cinco ministérios (Exterior, Economia e Clima, Agricultura, Família, Meio Ambiente).

Depois do apoio a Lula, os bolsonaristas caíram em cima de Marina, relembrando os problemas causados pelo PT na campanha do marqueteiro João Santana de 2014, mas os fatos políticos ajudam a reforçar a decisão do Rede Sustentabilidade. Lula caiu em Minas, mas em São Paulo, onde Marina é das candidatas mais apontadas nas pesquisas para deputada federal, o ex-presidente cresceu três pontos, que compensaram essa queda. A pesquisa do Datafolha foi feita em 13,14 e 15 de setembro, e a formalização da adesão foi nos dias 11 e 12, e o único fato político relevante foi o anúncio da união entre o ex-presidente e sua ex-ministra do Meio Ambiente.

No programa aceito pelo PT, Marina Silva reivindica o que chama de uma agenda ambiental transversal, pois “é necessário promover o alinhamento das políticas públicas, em especial as políticas econômicas, fiscal, tributária, industrial, energética, agrícola, pecuária, florestal, da gestão de resíduos e de infraestrutura, aos objetivos gerais do Acordo de Paris, de forma a cumprir os compromissos assumidos pelo Brasil por meio de sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC)”.

Depois desse movimento político antecipado para o primeiro turno, Marina tem sido procurada por ONGs internacionais e órgãos de imprensa como o Le Monde Diplomatique, para falar sobre os compromissos assumidos por Lula. O objetivo é recuperar a agenda ambiental perdida, para que o país retome o protagonismo internacional que já teve, com o plano de voltar a ser uma liderança no combate às mudanças climáticas e no mercado de carbono.

Segundo o documento, “falar da agenda socioambiental é falar de justiça social, de proteção ao interesse de todos, hoje e no futuro, de uma ideia avançada de desenvolvimento do país, de relações políticas e sociais, de distribuição correta e equitativa dos bens da natureza”. Marina considera que “em nenhum outro país as condições naturais para uma transição justa para uma economia de carbono neutro são mais evidentes do que no Brasil”.

O documento cita a capacidade de gerar energia de fontes renováveis como “biomassa, solar, eólica e hidrelétrica, desde que em bases sustentáveis”, e ressalta que temos “as maiores áreas de florestas entre os países tropicais, enorme biodiversidade e a segunda maior reserva hídrica do mundo”. As políticas governamentais devem estar voltadas a uma estratégia de longo prazo de descarbonização da economia, com emissão líquida zero de gases de efeito estufa até 2050.

“Estamos apontando o rumo de uma nação e de um mundo melhores para todos, sem os abusos insustentáveis que nos levam a tanta miséria, injustiça, insensatez e destruição”, diz o documento. A união de Marina e Lula implica mudança de rumo radical na política ambiental, e traz preocupação para parte do agronegócio. No entanto, no documento, o Rede Sustentabilidade esclarece que um Sistema Nacional de Rastreabilidade de Produção Agropecuária promoverá a legalidade da cadeia produtiva e reposicionará o Brasil nos mercados internacionais, por meio do aumento da credibilidade socioambiental e sanitária de seus produtos.

Uma das principais propostas é a criação de uma Autoridade Nacional de Segurança Climática, que seria responsável pelo “estabelecimento de metas e verificação da implementação das ações para a redução das emissões de gases de efeito estufa, aumento de resiliência e preparação para adaptação às mudanças climáticas”.

 

6 comentários:

ADEMAR AMANCIO disse...

Fora,Bolsonaro.

Anônimo disse...

O Lula incorrupto incorrigível será em capaz de levar qualquer pauta séria adiante além de incompetente alcoólatra está ligado a grupos internacionais que querem fazer do Brasil quintal de produção de minerais energia grãos e
proteína
A política agrícola e pecuária do governo tem dado mostras da sua eficiência através de recorde de produção e de exportação
Por onde Bolsonaro passa o povo carrega ele no colo,
Foi assim recentemente em Garanhuns terra do ladrão e Caruaru povo saio na rua milhares de pessoas vindo festejar a presença do presidente
Já o Lula continua tendo que ficar escondido pagando pra ter gente pra bater palma
Vamos ganhar no primeiro turno

Anônimo disse...

Lula diminuiu o desmatamento da Amazônia e teve razoável política ambiental. Agora, para obter o apoio de Marina Silva, aceitou princípios muito mais amplos e importantes. Bem o contrário de Bolsonaro, que diz defender a política ambiental mas só prejudica a fiscalização e enfraquece a legislação ambiental. Lula defende o meio ambiente, Bolsonaro só quer o ZERO ambiente! Marina quer e exige o ambiente INTEIRO! Estou com ela! E vamos cobrar do Lula que cumpra todos os seus compromissos!

Anônimo disse...

Golpe de mestre trazer Marina Coração de Ouro para contribuir com sua sabedoria ao novo Governo que vai se instalar em 2023. Não se combate o extremo mal com rezas e xingamentos, mas com inteligência. Ficaremos livres dessa figuras nefastas, Bolsonaro e Guedes, que infernizaram a vida dos brasileiros. Aposto em um único turno que nos livrará desses satanáses malditos.

ADEMAR AMANCIO disse...

Lula caiu em Minas,mas continua na frente,espero que possamos confiar nas pesquisas,vai quê?

Fernando Carvalho disse...

A Constituição proíbe nepotismo, mas uma ORCRIM (Gabinete do Ódio, Escritório do Crime e Milicianos) os constituintes não previram.