O Globo
CNJ julgará magistrado que prendeu Cabral,
colou imagem a Bolsonaro e virou alvo de delação
O Conselho Nacional de Justiça julgará na
terça-feira três reclamações contra Marcelo Bretas. O juiz se projetou em 2016
ao ordenar a prisão do ex-governador Sérgio Cabral. Nos anos seguintes,
encantou-se com a política e colou sua imagem ao bolsonarismo.
Bretas fez dobradinha com Sergio Moro em
processos da Lava-Jato. Como o ex-juiz de Curitiba, ganhou popularidade ao
condenar corruptos notórios. A exemplo dele, deslumbrou-se com a possibilidade
de interferir em eleições.
Em 2018, o titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio desequilibrou a disputa pelo Palácio Guanabara. A três dias do primeiro turno, divulgou a delação de um ex-secretário que, no quarto depoimento, mudou a versão para acusar Eduardo Paes. O prefeito despencou nas pesquisas e foi atropelado pelo azarão Wilson Witzel.
No dia da posse, o juiz foi ao Palácio
Tiradentes aplaudir o novo governador. Em seguida, os dois embarcaram num avião
da FAB e posaram de mãos dadas a caminho da festa de Jair Bolsonaro.
Assíduo nas redes sociais, Bretas passou a
usá-las para bajular o capitão. Num lance de tietagem explícita, disse
sentir-se “honrado” por ter o presidente como seguidor no Twitter. Depois foi
visitá-lo fora da agenda oficial e entrou na bolsa de apostas para uma vaga no
Supremo.
Em 2020, o juiz escancarou de vez a atuação
política. Pegou carona no carro oficial de Bolsonaro, participou da inauguração
de um viaduto e rodopiou em evento evangélico ao lado do presidente e do
prefeito Marcelo Crivella, que tentava a reeleição. A performance lhe rendeu
uma censura do Tribunal Regional Federal. Mas a punição não seria suficiente
para afastá-lo do palanque.
No último 7 de Setembro, Bretas deu pinta
no comício bolsonarista em Copacabana. Postou foto e bandeirinha do Brasil
enquanto o então presidente chegava à praia para discursar.
Nem a proximidade do julgamento no CNJ
convenceu ao juiz a se recolher. No último domingo, ele se deixou fotografar
com o governador Cláudio Castro, ex-vice e sucessor de Witzel, numa borbulhante
feijoada de carnaval.
Embora as práticas de Bretas sejam
conhecidas, a sessão de terça promete novidades. A mais aguardada é a revelação
de trechos inéditos da delação de Nythalmar Dias Ferreira Filho. O advogado
acusou o juiz de “negociar penas, orientar advogados e combinar estratégias com
o Ministério Público” em processos da Lava-Jato fluminense.
Quando o caso veio à tona, o magistrado se
inspirou em seus réus famosos. Disse ser vítima de “afirmações mentirosas e
fantasiosas, que distorcem e inventam fatos para criar narrativa”.
Acidente ferroviário
A ANTT autorizou a retomada do projeto do
trem-bala Rio-SP. Na nova encarnação, o plano prevê que as estações ficarão
longe das regiões centrais e dos aeroportos. A do Rio seria erguida em Santa
Cruz. De todos os bairros cariocas, é o mais distante do Centro.
A ideia produziria uma situação esdrúxula:
um passageiro que saísse da Avenida Rio Branco gastaria mais tempo para chegar
ao local de embarque do que em todo o trajeto do trem-bala.
A empresa autorizada a construir e operar a
linha chama-se TAV Brasil e tem capital social de R$ 100 mil. Um de seus sócios
é o advogado Marcos Joaquim Gonçalves Alves, que se notabilizou em Brasília
como escudeiro de Eduardo Cunha.
4 comentários:
Lá vem o Bloco dos Togados descendo a ladeira
Juízes suspeitos, empresários de direita inescrupulosos, tudo no Rio de Janeiro.
Breetas e Moro, tantas semelhanças serão apenas coincidência?
Será que Bretas também vai querer disputar a presidência e em seguida se candidatar a senador, depois de dizer que JAMAIS entraria na política? Afinal, a mentira não é exclusividade de Bolsonaro...
Bretas,lembro bem.
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