O Globo
Barganha com Ministério do Esporte
decepciona atletas e contradiz discurso do presidente
Na campanha de 2022, Lula anunciou um plano
imodesto para o esporte brasileiro. “O que nós precisamos fazer é uma
revolução”, declarou. A cinco dias do primeiro turno, o petista disse que o
setor ganharia destaque inédito se ele voltasse ao poder. “Vocês nunca tiveram
na história deste país um presidente comprometido com o esporte como eu vou ser
daqui para a frente”, prometeu.
O discurso empolgou celebridades que participavam do ato público, como o ex-jogador Casagrande, o técnico Vanderlei Luxemburgo e a ex-craque do vôlei Isabel Salgado. Eleito, Lula colheu novos aplausos ao anunciar a recriação do Ministério do Esporte, extinto por Jair Bolsonaro. Confiou a nova pasta a Ana Moser, medalhista nas Olimpíadas de Atlanta.
A lua de mel com os atletas durou pouco.
Ontem à tarde, Lula chamou a ministra para uma conversa reservada no Planalto.
Aliados dão como certo que ela perderá o cargo para dar espaço ao deputado
André Fufuca, um dos próceres do Centrão. Se confirmada, a troca será mais um
dos piores gols contra do petista no terceiro mandato.
Desde que o governo começou a esboçar a
reforma ministerial, Ana Moser aparece entre os mais cotados para perder a
cadeira. A ameaça não está ligada ao desempenho da ministra, e sim ao fato de
ela não ter padrinhos influentes no Congresso. Sem filiação partidária, a
ex-capitã da seleção de vôlei foi submetida a uma demissão em câmera lenta, a
ser sacramentada antes da viagem do presidente à Índia.
Em nota, a Comissão de Atletas do COB
protestou contra a queda anunciada: “O esporte não é moeda de troca. Nos sentimos
envergonhados e desprestigiados, vendo que o esporte no Brasil continua sendo
encarado como algo menor”.
Pelo que se sabe das negociações em curso,
moeda é o que não vai faltar. Para valorizar a pasta, o governo promete
turbiná-la com novas receitas da taxação de apostas. Se o plano der certo, o
Centrão ganhará mais milhões de motivos para amar o esporte.
Um comentário:
Que pena!
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