BRASÍLIA - A tese do terceiro mandato consecutivo para Lula surgiu há pouco mais de dois anos, depois da reeleição do petista. Caiu em desuso com a opção doméstica da candidatura presidencial de Dilma Rousseff, patrocinada pelo atual ocupante do Planalto.
Como se diz em Brasília entre os petistas, Dilma é um nome bom para ganhar (Lula continuaria a mandar) e para perder (Lula voltaria em 2014). Lorota. Todos querem mesmo é vencer. Daí o quase pâ- nico por causa do tratamento de câncer no sistema linfático anunciado pela ministra. Tudo voltou ao terreno das incertezas.
No PSDB, a "aliança dos sonhos" dos tucanos -uma chapa Serra- Aécio- passou a ser uma possibilidade real. Já sobre o futuro de Dilma, ninguém que é alguém no governo ousa falar em público.
Por enquanto, os únicos vocalizando abertamente um terceiro mandato para Lula são deputados do chamado baixo clero, de pouca expressão. Mesmo com peso político limitado, esse grupo cumpre um papel relevante. Mantém o assunto em fogo brando, em pauta, até o momento em que seja de fato necessário tomar uma decisão.
Trata-se de engenharia difícil.
Falta tempo e sobra complexidade.
Tudo teria de ser concluído até setembro, um ano antes da eleição de 2010 -o prazo legal para a bruxaria se tornar realidade. O passo inicial é talvez o maior obstáculo.
Admitir um plano B em público o transforma imediatamente em plano A. De tabela, o establishment petista teria de explicitar em público suas dúvidas a respeito da plena recuperação de Dilma Rousseff.
Dado o número de variáveis envolvidas, é temerário prever a viabilidade dessa "operação terceiro mandato". Mas a insistência com que o tema vem sendo mencionado é um sinal de que acreditar em bruxas, no momento, não soa como algo tão disparatado em Brasília.
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