Eliane Cantanhêde
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
BRASÍLIA - O golpe militar em Honduras mobilizou a comunidade internacional de "a" a "z" no apoio ao presidente eleito Manuel Zelaya e na condenação ao regime golpista de Roberto Michelletti. A volta de Zelaya ao país e mesmo ao poder, porém, não resolve a crise interna.
Muito pelo contrário.
Dos EUA à Venezuela, passando pelo Brasil, os países integrantes da OEA (Organização dos Estados Americanos) se bateram firmemente por um princípio: o do respeito às normas democráticas e aos presidentes constitucionalmente eleitos. O apoio, porém, para aí. Apoiar um princípio não é apoiar uma pessoa, nem um governo.
Por isso, toda a convergência que Zelaya conseguiu com o golpe tende a virar divergência no pós-golpe, mesmo com a volta dele ao poder. Por quê? Porque o impulso de Zelaya será pela radicalização e pelo aprofundamento do "bolivarianismo" em Honduras, com revisão constitucional, plebiscito para se eternizar no poder, nacionalização de setores da pobre economia.
Assim, tenderá a ir mais e mais na direção de Venezuela, Cuba, Bolívia e Nicarágua, sob a órbita da Alba (a alternativa chavista à natimorta Alca). E menos e menos na do velho parceiro e até tutor, os EUA. Além disso, o olhar que hoje é exclusivamente externo, contra um golpe estapafúrdio, irá se voltar para a situação interna, para a acomodação de forças e de interesses no país.
Creia você: a comunidade internacional toda apoiou Zelaya, mas ele sofre enormes resistências de setores hondurenhos que têm força política, como a Suprema Corte, a Igreja Católica, a mídia e a parte mais pesada do empresariado. Convenhamos, não é pouco.
O primeiro passo da crise é recompor o poder constituído, com a volta de Zelaya ao poder. O segundo é recompor os financiamentos e parcerias internacionais que hoje boicotam o país dos golpistas. Mas isso não resolve a crise. Os opositores internos não vão morrer. E os externos vão ressuscitar.
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
BRASÍLIA - O golpe militar em Honduras mobilizou a comunidade internacional de "a" a "z" no apoio ao presidente eleito Manuel Zelaya e na condenação ao regime golpista de Roberto Michelletti. A volta de Zelaya ao país e mesmo ao poder, porém, não resolve a crise interna.
Muito pelo contrário.
Dos EUA à Venezuela, passando pelo Brasil, os países integrantes da OEA (Organização dos Estados Americanos) se bateram firmemente por um princípio: o do respeito às normas democráticas e aos presidentes constitucionalmente eleitos. O apoio, porém, para aí. Apoiar um princípio não é apoiar uma pessoa, nem um governo.
Por isso, toda a convergência que Zelaya conseguiu com o golpe tende a virar divergência no pós-golpe, mesmo com a volta dele ao poder. Por quê? Porque o impulso de Zelaya será pela radicalização e pelo aprofundamento do "bolivarianismo" em Honduras, com revisão constitucional, plebiscito para se eternizar no poder, nacionalização de setores da pobre economia.
Assim, tenderá a ir mais e mais na direção de Venezuela, Cuba, Bolívia e Nicarágua, sob a órbita da Alba (a alternativa chavista à natimorta Alca). E menos e menos na do velho parceiro e até tutor, os EUA. Além disso, o olhar que hoje é exclusivamente externo, contra um golpe estapafúrdio, irá se voltar para a situação interna, para a acomodação de forças e de interesses no país.
Creia você: a comunidade internacional toda apoiou Zelaya, mas ele sofre enormes resistências de setores hondurenhos que têm força política, como a Suprema Corte, a Igreja Católica, a mídia e a parte mais pesada do empresariado. Convenhamos, não é pouco.
O primeiro passo da crise é recompor o poder constituído, com a volta de Zelaya ao poder. O segundo é recompor os financiamentos e parcerias internacionais que hoje boicotam o país dos golpistas. Mas isso não resolve a crise. Os opositores internos não vão morrer. E os externos vão ressuscitar.
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