Cristiane Jungblut e Isabel Braga
DEU EM O GLOBO
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Quércia procura Temer e expõe racha no partido sobre eleições de 2010
BRASÍLIA. O grupo do PMDB que apoia a candidatura do governador tucano José Serra à Presidência, liderado por Orestes Quércia, explicitou ontem o racha do partido ao procurar o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e pressionálo a não antecipar a definição da aliança com a ministra Dilma Rousseff em 2010. Quércia quer adiar a decisão para o próximo ano, quando será realizada a convenção do partido.
A ala governista, comandada por Temer, reagiu e reforçou a mobilização para antecipar a decisão política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a aliança entre PT e PMDB nas eleições presidenciais. No fim da tarde, depois de reunião com Quércia, Temer e o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), encontraram-se reservadamente com a ministra.
A conversa com Dilma teve também o objetivo de demonstrar que o resultado das pesquisas de opinião que apontam queda nas intenções de voto na ministra não afetou, ainda, o objetivo deste grupo do PMDB de apoiá-la. Temer defendeu a aliança, mesmo diante das cobranças de Quércia que, acompanhado do senador Jarbas Vasconcelos (PE), afirmou não ser hora de assumir compromisso.
O argumento de Temer é que o PMDB é governo, e a tendência é apoiar Dilma ou deixar os cargos que ocupa.
— Estamos em fase de definição, e dei declarações exatamente para buscar definições.
Temos que conversar sobre isso porque outros setores estão conversando — justificou Temer. — O PMDB está no governo, e a tendência natural é apoiar o candidato do governo.
Ou sair do governo.
Diante da declaração de Quércia de que é preciso esperar a convenção do partido, em 2010, disse: — Aí fica aético para o PMDB.
Quércia, Jarbas e o deputado Ibsen Pinheiro (RS) argumentaram a dificuldade de obter apoio de tucanos nos estados. Caso de Minas, onde o governador Aécio Neves deixaria de apoiar a candidatura do ministro Hélio Costa ao governo do estado. Quércia quer, pelo menos, deixar o partido livre, sem aliança formal, como em eleições passadas.
— Viemos ponderar que é precipitado definir agora que candidatos vamos apoiar. Precisamos discutir melhor. Ficou estabelecido novo diálogo, daqui a duas, três semanas. O assunto será definido na convenção, mas podemos ir conversando.
Há muitas mudanças ocorrendo nos diretórios do PMDB. O que deve orientar isso é a realidade dos estados — disse Quércia.
Já Temer citou o apoio de candidatos do PMDB que têm interesse em usufruir a popularidade de Lula.
A reunião de Quércia, Temer, Ibsen e Jarbas, que teve também a presença de Henrique Alves, foi tensa. Temer e Alves deixaram claro que não aceitam esperar a convenção. O líder argumentou que um partido não pode fazer parte do governo Lula e passar a apoiar um candidato da oposição. Ontem, Temer também foi procurado pelo presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), e os dois concordaram que é preciso melhorar o diálogo.
No Rio, Mangabeira se filia ao partido O ex-ministro Mangabeira Unger, da Secretaria de Assuntos Estratégicos, filiou-se ontem ao PMDB do Rio. A presidente em exercício da executiva nacional da legenda, deputada Íris de Araújo (GO), confirmou a filiação.
O ex-ministro ligou dos EUA para aderir ao PMDB.
— Ele (Mangabeira) me ligou ontem, por volta das 11h30m, para comunicar a filiação, que foi feita no domicílio do Rio de Janeiro. O ex-ministro disse que vai me enviar algumas correspondências sobre os planos no partido — afirmou Íris.
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