sábado, 19 de dezembro de 2009

Tucanos querem Serra em ação

DEU EM O GLOBO

Consenso é que paulista precisa assumir candidatura

Gerson Camarotti

BRASÍLIA. Com a saída do governador Aécio Neves da disputa presidencial, intensificou o movimento no ninho tucano para que o governador José Serra passe a agir, de forma mais ofensiva, como candidato. Ainda que não oficialize sua candidatura, o que tentará fazer apenas em março, a estratégia da cúpula do partido é que Serra participe pessoalmente da solução dos impasses para a construção de palanques fortes para sua campanha nos estados.

A orientação é que, a partir de agora, ele viaje mais pelo Brasil. Uma conduta expressa de candidato ajudaria ainda, na avaliação dos tucanos, no trabalho de se tentar uma chapa puro-sangue com Aécio de vice.

Integrantes da cúpula do PSDB ouvidos pelo GLOBO são unânimes num ponto: não será necessário Serra assumir oficialmente sua candidatura, como também não fez a escolhida do PT, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Até porque isso o levaria a polarizar diretamente com o presidente Lula, o que poderia causar prejuízos eleitorais ao tucano. Mas todos concordam que Serra precisa mudar de postura.

— A dúvida que existia na cabeça do eleitor, se era Serra ou Aécio, acabou. Mas agora é preciso seguir o seu curso natural — afirma o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).

Há o consenso de que Serra precisa fazer movimentos concretos para ter Aécio como vice.
Caso ele não comece a agir, ficará difícil convencer o mineiro, que até março estará com a candidatura ao Senado consolidada, a recuar.

— Serra vai precisar ter uma conversa importante com o Aécio e deixar claro que não pode abrir mão do seu envolvimento na campanha e de que ele seja o vice na chapa — disse o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM).

Virgílio sugere que Serra faça um gesto ousado, repassando a Aécio poder de fato na campanha e num eventual futuro governo. O mineiro não seria um vice formal, mas sim um articulador importante da candidatura, além de ter visibilidade e espaço na divisão de poder.

Sem assumir essa posição, avaliam os tucanos, Serra poderá dar gás à pressão do grupo de Aécio, que alimenta a ideia de que o paulista poderá desistir, e com isso a candidatura presidencial acabaria caindo no colo do mineiro.

— Agora a decisão está nas mãos do Serra.

Mas ainda fica uma janela pequena de ele desistir — comentou ontem o secretário-geral do PSDB, deputado Rodrigo de Castro (MG).

O partido está convencido de que, se Serra não começar a assumir o espaço, poderá criar instabilidade interna. Num mapeamento feito pela cúpula do PSDB, ficou claro que é preciso resolver problemas de alianças no Paraná, Mato Grosso, Santa Catarina, Paraíba, além da necessidade de definição de palanques competitivos em Pernambuco, Ceará e Rio de Janeiro

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