quinta-feira, 18 de março de 2010

Reflexão do dia – Marco Aurélio Nogueira

"Um golpe militar calmamente selou sua sorte e, por alguns anos, o país viveu a expectativa de uma transformação em seu modo de ser e de fazer política.

As mudanças em curso deitavam raízes fundas na sociedade. Não implicavam, porém, a inteira subversão da velha estrutura. Sacudiam-na, mas não a destruíam; revolucionavam-na, mas preservavam muito do existente. Como que em conseqüência, um liberalismo conservador, quase nada democrático, retomou o comando da sociedade e à base de uma engenhosa mas perversa articulação entre os localismos edificou novo sistema excludente, nominalmente federativo, democrático e representativo. Embora modernizando-se, a sociedade continuou sem classes nacionalmente organizadas e com um estado autoritário hipertrofiado. Só alguns anos depois é que o que estava contido potencialmente naquela transição – a indústria, a urbanização, novas classes sociais, uma sociedade civil, a democracia – viria à superfície com ímpeto maior
."

(Marco Aurélio Nogueira, no livro “O encontro de Joaquim Nabuco com a política – As desventuras do liberalismo” pág. 35 – Editora Paz e Terra, 2ª edição, São Paulo 2010)

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