Reunião que levará Agripino a presidente da sigla servirá para alinhar projeto de 2014 e buscar voto conservador da nova classe média
Marcelo de Moraes
Depois de atravessar sua pior crise interna, o DEM se reúne amanhã para sacramentar a escolha do senador José Agripino Maia (RN) como seu novo presidente e assegurar a influência majoritária do senador Aécio Neves (PSDB-MG) como preferido do partido para as eleições de 2014.
Mais do que ser mera legenda de suporte para a campanha presidencial de um político tucano, o DEM quer deflagrar a estratégia nacional para assegurar sua sobrevivência política. A ideia do partido é investir nos eleitores da classe média, especialmente aqueles que chegaram há pouco tempo nessa faixa, impulsionados pela ascensão que tiveram durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na avaliação dos dirigentes do DEM, essa nova classe média é conservadora nos costumes e cobra uma atuação mais presente do Estado. Nessas análises, o comando do partido concluiu que esse grupo de eleitores demanda uma participação direta do governo, mas de uma forma diferente do que se imaginava. Não se trataria de estatizar empresas ou rechaçar privatizações, mas sim de exigir que a administração pública garanta a eficiência de serviços públicos - nas áreas de educação, saúde e segurança, por exemplo.
"A pessoa que agora tem dinheiro para comprar um aparelho celular quer que esse serviço seja bom. E quer também que o preço caiba no fim do mês no seu orçamento. E isso eles não recebem do Estado", diz o atual presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), que apoia seu sucessor, Agripino. "É a mesma coisa com as passagens aéreas. Viajar de avião não é mais algo restrito às elites e esses novos consumidores cobram qualidade no serviço."
Para o comando do partido, as eleições de 2010 teriam demonstrado que esse eleitor é conservador e ficou órfão de um candidato especificamente voltado para ele. Por conta disso, teria migrado para a candidatura de Marina Silva (PV), justamente porque ela empunhava publicamente algumas bandeiras de interesse desse grupo, como, por exemplo, a oposição à legalização do aborto.
A discussão do tema virou um dos pontos centrais da campanha presidencial no primeiro turno, chegando a monopolizar os debates entre a petista Dilma Rousseff e o tucano José Serra.
Velório. A convenção do DEM também pode marcar o fim de uma disputa interna que quase provocou a implosão do partido.
Interessados em assumir o poder e promover uma guinada em seus rumos, um grupo integrado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, acabou saindo derrotado e deixará o DEM. Kassab leva com ele a administração da maior prefeitura do País, mas também carregará alguns representantes da ala mais conservadora.
Para o ex-prefeito do Rio César Maia, a ocasião é perfeita para que o partido consiga consolidar sua refundação. O movimento foi iniciado com o abandono do nome PFL, em 2007, e baseado na tentativa de caminhar para uma ideologia de centro, desvinculado da velha Arena.
O ex-prefeito é contundente em relação à saída do partido dos setores dissidentes. "Diria que essa convenção do dia 15 de março é o velório da Arena e será a afirmação do DEM", afirma.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
Marcelo de Moraes
Depois de atravessar sua pior crise interna, o DEM se reúne amanhã para sacramentar a escolha do senador José Agripino Maia (RN) como seu novo presidente e assegurar a influência majoritária do senador Aécio Neves (PSDB-MG) como preferido do partido para as eleições de 2014.
Mais do que ser mera legenda de suporte para a campanha presidencial de um político tucano, o DEM quer deflagrar a estratégia nacional para assegurar sua sobrevivência política. A ideia do partido é investir nos eleitores da classe média, especialmente aqueles que chegaram há pouco tempo nessa faixa, impulsionados pela ascensão que tiveram durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na avaliação dos dirigentes do DEM, essa nova classe média é conservadora nos costumes e cobra uma atuação mais presente do Estado. Nessas análises, o comando do partido concluiu que esse grupo de eleitores demanda uma participação direta do governo, mas de uma forma diferente do que se imaginava. Não se trataria de estatizar empresas ou rechaçar privatizações, mas sim de exigir que a administração pública garanta a eficiência de serviços públicos - nas áreas de educação, saúde e segurança, por exemplo.
"A pessoa que agora tem dinheiro para comprar um aparelho celular quer que esse serviço seja bom. E quer também que o preço caiba no fim do mês no seu orçamento. E isso eles não recebem do Estado", diz o atual presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), que apoia seu sucessor, Agripino. "É a mesma coisa com as passagens aéreas. Viajar de avião não é mais algo restrito às elites e esses novos consumidores cobram qualidade no serviço."
Para o comando do partido, as eleições de 2010 teriam demonstrado que esse eleitor é conservador e ficou órfão de um candidato especificamente voltado para ele. Por conta disso, teria migrado para a candidatura de Marina Silva (PV), justamente porque ela empunhava publicamente algumas bandeiras de interesse desse grupo, como, por exemplo, a oposição à legalização do aborto.
A discussão do tema virou um dos pontos centrais da campanha presidencial no primeiro turno, chegando a monopolizar os debates entre a petista Dilma Rousseff e o tucano José Serra.
Velório. A convenção do DEM também pode marcar o fim de uma disputa interna que quase provocou a implosão do partido.
Interessados em assumir o poder e promover uma guinada em seus rumos, um grupo integrado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, acabou saindo derrotado e deixará o DEM. Kassab leva com ele a administração da maior prefeitura do País, mas também carregará alguns representantes da ala mais conservadora.
Para o ex-prefeito do Rio César Maia, a ocasião é perfeita para que o partido consiga consolidar sua refundação. O movimento foi iniciado com o abandono do nome PFL, em 2007, e baseado na tentativa de caminhar para uma ideologia de centro, desvinculado da velha Arena.
O ex-prefeito é contundente em relação à saída do partido dos setores dissidentes. "Diria que essa convenção do dia 15 de março é o velório da Arena e será a afirmação do DEM", afirma.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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