terça-feira, 8 de março de 2011

Tudo igual:: Eliane Cantanhêde

Enquanto a Câmara e o Senado instalam comissões especiais para a reforma política, tentando, em tese, moralizar a atividade político-partidária, o quadro técnico discute como melhorar a imagem do Congresso. Não é simples.

O Datafolha detecta há tempos a descrença da opinião pública com o Congresso e, um ano atrás, registrou que 39% das pessoas têm uma má imagem do Parlamento.

Isso, porém, não é jabuticaba. A desconfiança na política e no Congresso é mundial. Na América Latina, diz o Latinobarómetro, 58% indicam o governo como instituição com mais poder; 48%, as empresas; e só 25%, o Congresso, empatado com os partidos políticos. O governo mais forte é, ora, ora, o da Venezuela (79%). O do Brasil (52%) fica pouco abaixo da média.

Nos EUA, o Gallup registrou em 2010 um recorde negativo na avaliação do Congresso: 11%, pior índice entre 16 instituições pesquisadas. Em primeiro, ficaram as Forças Armadas (76%); em segundo, as pequenas empresas (66%); em terceiro, a polícia (59%).

Na União Europeia, o índice de confiança no Parlamento é 30%, desde 74% na Dinamarca até 19% no Reino Unido, monarquia parlamentarista e sólida democracia.

Diante desses dados, a jornalista e doutora em filosofia Rejane Xavier, funcionária concursada da Câmara, disse à direção da Casa que não há muito a fazer para que os brasileiros caiam de amores (e de confiança) pelo Congresso.

"Não parece haver nada em vista que possa modificar essa situação a curto ou médio prazo", avaliou. Encerrou com o título "Inconclusão": "Terá sentido, nesse contexto, criar um indicador e aplicá-lo, sabendo que os resultados serão previsivelmente decepcionantes?"

Não, não tem. Mas faria sentido, sim, evitar nomear mensaleiros e fichas-sujas para cargos de comando e presidências de comissões no Senado e na Câmara. Seria um bom começo. Ou melhor: teria sido...

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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