segunda-feira, 14 de maio de 2012

J&F nega consulta ao Planalto

Claudia Safatle

BRASÍLIA - Um equívoco de interlocução está na origem da troca de notas oficiais e da postura do Palácio do Planalto em relação às negociações para a compra da Delta pela J&F, holding que controla o frigorífico JBS. Desde o início o Planalto informou que não foi consultado e que não aprovava essa aquisição. A Delta está no centro das denúncias de corrupção no esquema de Carlinhos Cachoeira; é responsável por diversas obras do PAC; e deve ser decretada "inidônea" pela Controladoria-Geral da União. Se isso se confirmar ela perderá os contratos existentes com o governo.

Houve uma conversa do ex-presidente do BC e presidente do conselho de administração da J&F, Henrique Meirelles, mas com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conforme informações que chegaram ao Planalto. Meirelles não falou com ninguém do atual governo, sustentam fontes da Presidência.

Em entrevista à "Folha de S. Paulo", na sexta-feira, o empresário José Batista Júnior, um dos donos do JBS, garantiu que o governo foi consultado. "Conversa de bêbado, de louco", disse ele, referindo-se à informações de que a presidente Dilma Rousseff não teria sido avisada.

Assessores da presidente começaram a redigir a nota do Planalto em que deixam claro: "São falsas, portanto, as ilações de que a referida operação teve aval deste governo".

Em seguida, coube ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, entrar em contato com o grupo empresarial. Após a intervenção do ministro, a J&F divulgou nota em que desautoriza a entrevista de Batista Júnior e diz ainda que as declarações "refletem única e exclusivamente uma opinião pessoal, que está em completo desacordo com os fatos ocorridos".

FONTE: VALOR ECONÔMICO

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