terça-feira, 3 de julho de 2012

Projeção para o PIB deste ano cai mais, para 2,05%

Analistas reduzem mais previsão de expansão do país este ano: 2,05%

Pesquisa do BC mostra que estimativa para indústria é de crescimento próximo de zero

Gabriela Valente

BRASÍLIA . Os vários pacotes de medidas anunciados pelo governo para estimular a economia não conseguiram evitar que as previsões para o país continuem despencando. De acordo com a pesquisa Focus, que o Banco Central (BC) faz semanalmente com economistas de bancos e corretoras do país, a projeção para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país) caiu de 2,18% para 2,05%, na avaliação divulgada ontem. Essa foi a oitava semana seguida de redução de expectativas - mais pessimistas, mas em linha com a previsão oficial. Na semana passada, o BC revisou a estimativa de crescimento do país de 3,5% para 2,5%, número abaixo do desempenho de 2011, quando o Brasil cresceu 2,7%.

Já a estimativa para o crescimento industrial já está próxima de zero. A aposta dos analistas do mercado financeiro é de que a indústria crescerá só 0,39% neste ano. Na semana passada, a previsão era de 0,5%. Há apenas um mês, os analistas esperavam que o setor se expandisse 1,15% em 2012.

- As medidas mais recentes de estímulo, que passam pela aceleração dos investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e prorrogação da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os produtos de linha branca e móveis, não serão suficientes para reanimar as expectativas de crescimento econômico - prevê o economista-chefe da corretora Prosper, Eduardo Velho.

O pessimismo, na avaliação do economista, tem a ver com a percepção do mercado de que o BC pode puxar o freio de mão nos cortes futuros de juros. Esse sentimento, entretanto, ainda não se refletiu nos números. Na pesquisa divulgada ontem, os analistas mantiveram a previsão de mais dois cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas duas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). A projeção para a taxa básica (Selic) está em 7,5% ao ano.

Para o ano que vem, projeções de 4,3%

A grande diferença da aposta da semana está no que os economistas esperam para a política monetária no ano que vem. Agora, a estimativa é que o colegiado voltará a subir os juros em doses menores, comparado ao que se esperava na semana passada. Os analistas preveem altas de 0,25 ponto percentual a partir de abril do ano que vem. Antes, a aposta era que o Copom voltaria a subir os juros naquele mês, em parcelas de 0,5 ponto percentual.

A Taxa Selic no menor patamar da História traz uma perspectiva melhor para o ano que vem. A projeção para o crescimento do setor industrial, por exemplo, subiu levemente, de 4,2% para 4,3% em 2013. De acordo com os economistas, as expectativas para o ano que vem seriam ainda melhores, não fosse o desempenho da economia no primeiro semestre. Os números foram piores que o esperado e já contaminaram as previsões até o fim do ano.

- Vimos uma desaceleração geral na economia. O que dá para a gente esperar é que o Natal seja só um pouco melhor e que a economia entre girando bem em 2013 - afirmou o economista da corretora BBM Gabriel Hartung.

Para o professor da Trevisan Alcídes Leite, a saída para levantar o PIB) neste ano seria o governo anunciar um grande pacote de investimentos, já que os atuais não têm animado o empresariado. Segundo ele, a economia não tem respondido aos estímulos dados pelo governo, porque eles são pequenos comparado com o problema: o tamanho da crise internacional.

- O que foi feito é muito pouco para reverter essa situação, mas o governo tem mais espaço para tomar medidas e incentivar o crescimento, já que há uma carência muito grande em áreas como saneamento básico, habitação e transportes - detalhou o economista.

Para a inflação, fizeram um leve ajuste para baixo, e a projeção do IPCA caiu de 4,95% para 4,93% no fim deste ano.

FONTE: O GLOBO

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