domingo, 27 de outubro de 2013

Direto de Brasília - João Bosco Rabello

Corrida contra o tempo
A irritação do governo com o diagnóstico negativo do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a política econômica brasileira se explica, entre outras razões, pela confirmação que representa das críticas internas - de especialistas e de adversários eleitorais da presidente Dilma Rousseff. O governo ficou só na defesa da mudança que impôs ao modelo adotado por Fernando Henrique Cardoso e mantido por Lula.

O pano de fundo dessa questão é a percepção de agentes econômicos e políticos de que coube a Dilma a condução de uma linha estatizante mais agressiva materializada no intervencionismo gradual que não foi politicamente possível a seu antecessor e padrinho. Se estaria, assim, vivendo a desconstração da Carta aos Brasileiros, peça decisiva para a eleição do primeiro governo do PT.

É possivelmente o que explica avaliação corrente de políticos e do mercado, pela qual Lula governou com receituário capitalista e discurso socialista, repetida sempre que se tenta encontrar a razão para a postura desconfiada dos investidores que faltam ao governo Dilma. Suas sucessivas afirmações de compromisso com as regras de mercado não passam a convicção necessária para reverter a imagem contrária que dela se faz.

Essa vulnerabilidade é a provável causa da censura de Lula ao discurso do presidente do PSDB e pré-candidato à sucessão, senador Aécio Neves,para a comunidade financeira em Nova York, em que se antecipou ao FMI nas críticas à condução da política econômica. Acusado de vender o pessimismo contra o País, Aécio respondeu dizendo que o fazia contra o governo.

Como não veio só, o diagnóstico do FMI encorpa o descrédito internacional da política econômica do govemo brasileiro, registrado mais de uma vez pela revista britânica The Economist e mais recentemente, pela alemã Der Spiegel.

As críticas têm em comum a rejeição à linha estatizante da gestão Dilma percebida na adoção envergonhada do modelo de privatização* cuja negação revela a verdadeira convicção da presidente em relação à economia. Pouco adianta, por isso, declarações como a que enxerga xenofobia em críticos petistas do leilão, porque não passam sinceridade e são absorvidas como dissimulação ideológica.

A chamada contabilidade criativa resume a administração de varejo da economia, uma sucessão de emendas que confirma a percepção de que o governo ganha tempo para que a conta de todos os truques só chegue em 2015.

É a mesma corrida contra o tempo que mantém a esperança da oposição e que governo e oposição traduzem como o resultado econômico que possa afetar o que o ex-ministro Delfim Netto chama de bem-estar do cidadão.

Acordo
Governo e Congresso chegaram a um acordo para aprovar o projeto de emenda constitucional do Orçamento impositivo, que aumenta de R$ 10,8 para R$ 12 milhões o valor das emendas individuais.

Impasse
A escolha do candidato do PMDB ao governo gaúcho passa pela aposentadoria do senador Pedro Simon. Se ocorrer, o ex-governador Germano Rigotto vem para o Senado e o ex-prefeito de Caxias do Sul Ivo Sartori concorre no Estado.

Saúde
A Câmara deve votar, entre 5 e 12 de novembro, o projeto que aumenta de R$ 950 para R$ 1,2 mil o teto salarial dos agentes de saúde.

NO PORTAL
Blog. Congresso ameaça veto de Dilma a Plano de Carreira médico

Fonte: O Estado de S. Paulo

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