Governo quer evitar críticas da oposição à área durante campanha
Catarina Alencastro, Luiza Damé
BRASÍLIA A campanha da reeleição será árdua para a presidente Dilma Rousseff. É o que já se diz no Palácio do Planalto e no entorno do governo. Além de administrar uma aliança movediça e enfrentar o ex-aliado Eduardo Campos (PSB), Dilma, que lidera todas as pesquisas de opinião feitas até agora, terá de dar explicações sobre o fraco desempenho da economia e as medidas para o setor.
O discurso da oposição, de explorar a situação econômica, está pronto e é bem conhecido, mas o que de fato preocupa são as insatisfações na base aliada. Desde o primeiro ano de governo, Dilma abriu o pacote de bondades para o setor empresarial, mas nem assim eliminou as críticas ao pífio crescimento do seu governo — um PIB médio de 2% ao ano.
— Dilma deu muitos estímulos para o empresariado, mas deu errado, privilegiando uns setores, irritando outros — comentou um senador aliado.
Diferentemente do que ocorreu com Lula, diz o senador, os empresários não estão com Dilma. O setor privado está muito receoso em apoiá-la. Além disso, o mercado não confia mais no ministro da Fazenda, Guido Mantega. Para reforçar o setor, a presidente levou para o Planalto o ministro Aloizio Mercadante, que deverá fortalecer a articulação com investidores.
Em ano eleitoral cresce a preocupação do governo em conter a desconfiança dos investidores. Daí a decisão de Dilma de criar um movimento de austeridade. Há uma tensão com a possibilidade de o Brasil ter rebaixado pelas agências de risco o grau de investimento. Ao anunciar o corte de R$ 44 bilhões no Orçamento, o Planalto quis mostrar que age com responsabilidade fiscal.
Setores da oposição dizem que mesmo que o governo trabalhe para passar uma imagem de controle, a situação econômica é muito ruim e tende a ser percebida cada vez mais pela população.
— O governo vai usar a demagogia para tentar se eleger, mas a economia não está boa. A situação tende a piorar e isso terá reflexos na eleição. Com o discurso de que a inflação está sob controle e há geração de empregos, ela ameniza um pouco, mas o que os investidores estão vendo há tempos vai descendo para a população — diz o deputado Emanuel Fernandes (PSDB-SP).
O discurso de Dilma é repetido pelos aliados.
— Não conheço eleição presidencial fácil. Evidentemente que a economia sempre pesa. Mas o nosso governo reforçou o emprego e a renda — argumenta o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP).
Outra preocupação do governo é ter um melhor controle do dinheiro repassado para estados e municípios, fazendo com que ele beneficie a população.
Fonte: O Globo
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