• Defesa da chapa Aécio-Serra começou com políticos ligados ao ex-governador de São Paulo
• Os dois sempre tiveram uma relação conturbada; em 2010, quase se enfrentaram em prévia do PSDB
Daniela Lima – Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - A indicação do ex-governador de São Paulo José Serra para a vaga de vice na chapa presidencial do senador Aécio Neves (MG) passou a ser discutida dentro do PSDB.
Serra e Aécio já foram abordados por interlocutores dentro e fora do tucanato sobre o tema, mas dizem não ter conversado pessoalmente.
A decisão é complexa. Envolve não só um cálculo político, mas pessoal. Aliados de Aécio dizem que ele enxerga a tese da composição com Serra "mais com incredulidade do que com restrição".
Os que trataram com Serra sobre o assunto afirmam que o ex-governador não dá sinais de que toparia a empreitada, mas também não a rechaça.
Aécio e Serra tiveram por anos uma relação conturbada. Em 2010, ensaiaram disputar uma prévia para definir quem seria o candidato do partido à Presidência. Já na época houve uma tentativa (fracassada) de fazer com que fizessem uma dobradinha.
Hoje a defesa da chapa Aécio-Serra partiu de políticos ligados ao ex-governador de São Paulo. Ressaltando não falar em nome dele, aliados encomendaram pesquisas em seus Estados testando o nome de Serra na vice de Aécio.
No levantamento, num primeiro momento, Serra adicionaria votos a Aécio. O ex-governador foi candidato à Presidência em 2002 e 2010. Os defensores da composição dizem que Serra daria a Aécio mais votos em São Paulo.
O problema, segundo aliados do senador, é que Serra tem uma rejeição muito alta, na casa dos 40%. Esse grupo receia que o paulista possa transferir tal rejeição a Aécio.
Ontem, questionado a composição, Aécio elogiou o ex-governador, mas ressaltou não ter falado com ele: "A essa altura essas especulações são naturais. Não sei nem qual é a disposição do ex-governador sobre isso. Minha confiança é, sempre, de que estaremos juntos", disse.
Aécio falou ainda que o nome para a vice será debatido com os partidos aliados.
Serra, que vinha se mantendo distante da pré-campanha de Aécio, cruzou a agenda do mineiro por duas vezes nos últimos dez dias. Foi a um jantar oferecido pelo ex-prefeito Gilberto Kassab a Aécio em São Paulo e esteve, no último sábado, em uma exposição agropecuária onde o mineiro cumpria agenda.
Aécio disse não ter pressa para decidir sobre o tema. Os aliados de Serra acreditam que ele só definirá seu futuro na última hora. Hoje ele estuda a possibilidade de tentar a Câmara ou o Senado.
Enquanto isso, Aécio tenta se firmar como principal nome da oposição a Dilma. Nos últimos dias, o ex-governador Eduardo Campos (PSB)tem feito questão de se distanciar de Aécio, com quem vinha fazendo uma espécie de dobradinha contra a petista. Ele ressaltou divergências com o mineiro nas áreas de segurança e saúde, e também nas propostas para a reforma tributária e controle inflacionário.
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