- Folha de S. Paulo
Chegamos na reta final da Copa sem a magia de Neymar, mas aprendendo com nossos erros. Se perdemos em emoção e talento, ganhamos em razão e organização. Dá para ganhar da Alemanha e sermos campeões no domingo.
Sem nosso craque será um sofrimento, mas Felipão melhorou o meio de campo, reforçou as laterais e fez a seleção voltar a marcar sob pressão. Pena que nem todos saibamos evitar os erros de sempre, deixando a emoção sufocar a razão.
A reação de alguns locutores e comentaristas sobre a joelhada que roubou o sonho de nosso craque foi um péssimo exemplo. Trataram o autor da falta como um criminoso, um inimigo da nação brasileira.
Sei que não tiveram tal intenção, mas, guiados pelo coração, usaram um tom agressivo, exagerado, quase uma senha para despertar nos outros um desejo de justiçamento.
Linchamentos, infelizmente, começam assim. Com a mente nublada pela emoção, alguém com grande poder de influência assume uma bandeira e gera uma onda sobre a qual perde totalmente o controle.
O lateral colombiano Zuñiga foi imprudente, estabanado e violento, mas não vi na jogada desejo deliberado de quebrar Neymar. Se fosse mais enérgico tanto com colombianos como brasileiros, o juiz da partida poderia ter evitado o pior.
Agora, ameaçar e xingar a filha de Zuñiga nas redes sociais revela o pior de todos nós. Pior este que deu as caras, nesta Copa, logo no início do torneio, quando a presidente Dilma foi alvo de xingamentos. Manifestou-se de novo quando a torcida brasileira vaiou o hino chileno.
Ainda bem que tais episódios são apenas incidentes de percurso, que não mancham a imagem do torneio, um espetáculo de alegria e magia.
Enfim, prefiro ficar com a atitude de Neymar. Triste por ter seu sonho interrompido, amigos dizem que ele não guarda rancor do colombiano. Exemplo de que é especial, um craque dentro e fora do campo.
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