- O Globo
"A candidata Dilma deveria respeitar mais a inteligência dos brasileiros e o nível da campanha eleitoral" - Aécio Neves
Cuidado! Nada de acreditar no que disseram à Polícia Federal e à Justiça Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, e Alberto Youssef, doleiro, sobre o esquema de desvio de R$ 10 bilhões da empresa para beneficiar políticos em geral e alguns partidos em particular - PT, PMDB e PP. Os dois podem estar mentindo. Quando comprovada de fato, a verdade deverá ser muito pior. Duvida?
GABA-SE A presidente Dilma Rousseff — e Lula também — da liberdade com que atua a Polícia Federal. Sempre que se descobre um novo escândalo envolvendo o PT e seus aliados mais fiéis, Dilma corre a exaltar as virtudes republicanas do seu governo e dá a entender que a Polícia Federal só procede assim porque ela deixa. Como se a Polícia Federal fosse um órgão de governo e não de Estado.
AQUI CABEM pelo menos duas perguntas: se é marca da Era PT o empenho dos governos em colaborar nas investigações de malfeitos, por que há sete meses a Polícia Federal tenta ouvir Lula em um processo sobre restos do mensalão e simplesmente não consegue? Lula está para ser interrogado na condição de eventual testemunha — jamais de réu. Como ex-presidente, escolherá hora e local para depor. Não o faz.
A SEGUNDA PERGUNTA: se Dilma repele com veemência a insinuação de que possa não se interessar pelo combate à roubalheira, por que então barra qualquer iniciativa das duas CPIs da Petrobras de apurar o que se passou na empresa nos últimos 12 anos? Só a Polícia Federal pode ser livre? "Eu sou a favor de, doa a quem doer, as pessoas têm que responder pelo que fazem , seja de que partido for", prega Dilma. Não convence.
ARRISCO-ME A ser impiedoso com a presidente por entender que o jornalismo não cobra piedade de quem o exerce, mas senso de justiça. Dilma posa de incorruptível, e deve ser. Nada se conhece que indique o contrário. Quanto a ser conivente com a corrupção... Ela o é, assim como a maioria dos governantes por toda parte. Paulo Roberto roubou desde que foi nomeado por Lula diretor da Petrobras.
LULA IGNORAVA o que Paulo Roberto fazia por lá a serviço do PP? O que fazia meia dúzia de diretores nomeados também por ele a pedido de PP, PT e PMDB? Dois anos antes de se eleger presidente, Dilma convidou Paulo Roberto para o casamento de sua filha. Não sabia que ele era ladrão? Demitiu-o, "a pedido", em 2012. Paulo Roberto deixou a Petrobras cercado de elogios. Dilma desconhecia seu prontuário? Ora, faça-me o favor!
NA SEMANA PASSADA, Dilma cogitou demitir Sérgio Machado, um economista cearense que há mais de dez anos preside a Transpetro, subsidiária da Petrobras. Paulo Roberto contou à Justiça que recebeu de Sérgio R$ 500 mil em espécie. O padrinho de Sérgio é Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, citado por Paulo Roberto como envolvido com a corrupção na Petrobras. Além de cogitar, o que mais fez Dilma?
DE VOLT A DE um comício em Maceió, onde, ao lado do senador Fernando Collor, segurou no microfone para que discursasse Renan Filho, governador de Alagoas, Dilma esbarrou na oposição de Renan, o pai, à demissão de Sérgio. E deixou de cogitá-la. Para demitir Sérgio, seria preciso que Dilma conseguisse o afastamento de João Vaccari Neto do cargo de tesoureiro do PT, argumentou Renan. Vaccari é outro emporcalhado pela lama da Petrobras.
LULA DISSE QUE está de "saco cheio" com denúncias de corrupção contra o PT feitas às vésperas de eleições. Eu também estou. E você?
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