• Candidato evita ataques, mas aliados criticam a Igreja Universal, à qual o adversário pertence
Marco Grillo - O Globo
O candidato do PSOL à prefeitura do Rio, Marcelo Freixo, reuniu ontem representantes de diversas religiões e pregou a “diversidade”, em um movimento para se contrapor ao adversário, Marcelo Crivella (PRB), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). O ato ecumênico aconteceu na Praça Afonso Pena, na Tijuca.
Freixo não fez ataques à religião de seu oponente, mas lideranças convidadas a falar afirmaram, por exemplo, que existem fiéis da Iurd que pregam a intolerância religiosa e perseguem adeptos das religiões de matriz africana.
O candidato do PSOL discursou ao lado da menina candomblecista Kailane Campos, que foi atacada com uma pedrada após sair de um culto, no ano passado.
— É importante estar com ela como um símbolo do que a gente vai derrotar — disse Freixo.
Também participou do ato o missionário Cosme Felipe, da Assembleia de Deus, igreja liderada pelo pastor Silas Malafaia. O pastor é um dos principais críticos de Freixo, a quem acusa de, entre outras coisas, apoiar black blocks. O missionário, no entanto, manifestou apoio ao candidato do PSOL e fez críticas ao presidente Michel Temer — a plateia reagiu com gritos de “Fora, Temer”.
— O Freixo significa multiplicidade. O opositor dele quer trabalhar para apenas uma denominação — disse Cosme Felipe.
Já o vereador de Niterói Henrique Vieira (PSOL), também pastor da Igreja Batista, afirmou que só uma vitória de Freixo fará com que a cidade seja tomada pelo “poder popular”.
— Vamos vencer os coronéis da fé — afirmou.
Freixo já disse no segundo turno que não pretende nacionalizar o debate e quer apenas discutir as questões da cidade. Vários discursos de aliados, no entanto, começaram com a frase “Primeiramente, fora, Temer”. Também estiveram no ato o teólogo Leonardo Boff e o pastor luterano Mozart Noronha, além de representantes da umbanda e do candomblé, entre outras religiões.
DEBATE INCERTO
Antes do ato, Freixo disse que participará de todos os debates a que for convidado. Crivella comunicou ao SBT que não pretende ir ao debate da emissora, previsto para sexta-feira. A direção de jornalismo do canal avisou à campanha de Freixo e disse que conversaria com a campanha de Crivella para tentar reverter o quadro. Ainda não está decidido se o programa será mantido.
— Nós não vamos fugir de nenhum debate. A gente quer aprofundar o debate, e é assim que a gente vai ganhar a eleição no Rio — disse Freixo, que evitou responder o que teria levado Crivella à desistência. — Por que ele desistiu, só ele pode responder. Eu vou, e se o SBT quiser, eu vou sozinho. Eu tenho muito apreço pela democracia.
A assessoria de Crivella foi procurada para comentar a ausência no debate, mas ainda não respondeu.
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