Catia Seabra | Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Presidente nacional do PDT, Carlos Lupi diz duvidar do lançamento da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas próximas eleições. Segundo Lupi, Lula "não quererá se expor após as denúncias" de que é alvo.
Para o presidente do PDT, Lula apresenta a candidatura como "autodefesa no processo da Justiça" e como "palco para se defender".
Ex-ministro de Dilma Rousseff e defensor da candidatura de Ciro Gomes (PDT) a presidente, Lupi afirmou nesta segunda-feira (2) que não acredita que o petista tenha seus direitos políticos cassados em decorrência da Operação Lava Jato, até porque "esses processos na Justiça demoram".
Mas, na sua opinião, o próprio Lula não se lançará para a disputa.
Segundo Lupi, "depois de toda essa exposição, a liderança do Lula nas pesquisas é um milagre que ele não vai jogar fora".
"Lula não ganha nada com isso. Ele já está na história como o maior presidente do Brasil no campo social. Ele vai destruir isso a troco de quê?"
Ao comentar a afirmação do ex-prefeito de São Bernardo do Campo Luiz Marinho (PT) de que a chance de aliança petista com Ciro Gomes é "quase zero", Lupi diz que a candidatura de seu partido hoje é "a mais viável" entre partidos de centro-esquerda e que espera contar com o PT.
Em 2017, Lupi buscará um vice para Ciro na região Sudeste. Sem isso, diz, a campanha do PDT seria inviável. Um dos nomes cobiçados para vice de Ciro é o do ex-prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda, do PSB.
Lupi aposta na realização de eleições presidenciais ainda em 2017, como fruto de um grande acordo nacional. Mas duvida da possibilidade de o presidente Michel Temer liderar essa articulação.
"Como presidente do Brasil, Temer continua presidente da Câmara. Cheio de jantares e salamaleques. Vai tentar um malabarismo de circo para levar o mandato até o final. Mas não vai conseguir."
Para Lupi, esse acordo acontecerá independentemente do desejo de Temer. O pedetista diz que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso "alimenta o sonho de ser o maestro de uma transição, mas falta-lhe a batuta".
Sobre a hipótese de Fernando Henrique convidar Lula para um diálogo, ironiza: "FHC propor isso é o mesmo que o diabo propor a Deus que ache o clima do inferno melhor que do céu".
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