- Folha de S. Paulo
Petistas reclamam de omissão diante de Bolsonaro e aliados cobram autocrítica
Tudo indica que o PT fracassou em convencer parte do mundo político de que esta eleição seria mais do que uma disputa pelo poder. Hesitações do partido e a resistência de potenciais aliados estimulam a dispersão daqueles que veem Jair Bolsonaro como uma ameaça.
Irritado com a sigla, Cid Gomes explodiu em um ato de campanha na segunda-feira (15). Disse que os petistas deveriam “reconhecer que fizeram muita besteira” e sentenciou: “O PT, desse jeito, merece perder”.
O ex-governador cearense atribuiu à legenda sua justa dose de responsabilidade e expôs uma insatisfação generalizada com o tratamento dado pela sigla a seus aliados. Cid deixou em segundo plano, porém, algumas consequências coletivas da provável derrota do PT na disputa.
No início de setembro, seu irmão, Ciro Gomes, afirmou que a vitória de Bolsonaro representaria um “suicídio coletivo” para o país. As urnas e as pesquisas mostram que a maioria da população não pensa assim, mas os políticos e partidos que se opõem ao candidato do PSL podem estar seguindo instintos de autodestruição.
Além de Ciro, personagens como Fernando Henrique Cardoso e Joaquim Barbosa já se manifestaram sobre os riscos de um governo Bolsonaro. Identificaram ameaças de retrocesso na defesa dos direitos humanos e das liberdades individuais, além de um viés autoritário que pode fragilizar a democracia.
Os três foram procurados, mas se recusaram a aderir a uma campanha pública pró-Haddad, ao menos por enquanto. O candidato iniciou uma flexibilização de sua plataforma, mas o aceno foi considerado insuficiente. Ainda persiste a cobrança por uma autocrítica enfática em relação aos governos e, principalmente, aos escândalos de corrupção protagonizados pelo PT.
Para os petistas, esses líderes se omitem diante de um perigo que eles mesmos reconhecem. O partido tinha esperança de obter apoio automático, mas faltaram humildade e cálculo eleitoral. A gravidade só contou a favor de Bolsonaro.
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