Evitar
o impeachment é a prioridade número 1
Mesmo
quando meia dúzia de pesquisas de opinião, aplicadas por institutos diferentes,
coincidem em apontar na mesma semana determinado resultado, o entendimento dos
especialistas no assunto aconselha esperar as próximas para conferir se isso
indica uma tendência ou o registro apenas de um soluço.
Os
institutos Paraná, Ipesp, IDEIA, Datafolha e Atlas atestaram nos últimos cinco
dias a queda de popularidade do presidente Jair Bolsonaro. A reprovação a ele
saltou de 32% para 40%, segundo o Datafolha. Mas só futuras pesquisas,
respeitando o mesmo intervalo de tempo, confirmarão se Bolsonaro está ladeira
abaixo.
Nem
por isso o governo pode esperar para ver o que acontece. Bolsonaro não teve um
plano para combater a pandemia da Covid-19. Ou melhor: seu plano era deixar que
o vírus contaminasse mais de 70% dos brasileiros para que a partir daí a
pandemia começasse a ceder. Resultado até agora: quase 220 mil mortos.
Mas
plano para manter-se no poder e – quem sabe? – reeleger-se daqui a um ano, ele
tem, e começa a ser executado. Primeiro ponto do plano: emplacar nomes de sua
inteira confiança nas presidências da Câmara dos Deputados e do Senado. Os
nomes: Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
O mais importante dos dois é Lira. Cabe ao presidente da Câmara aceitar a abertura de processo de impeachment contra o presidente da República. Há 56 pedidos na Câmara. Se eleito, Lira não aceitará nenhum. A não ser que Bolsonaro se enfraqueça ao ponto de tornar impossível a tarefa de sustentá-lo.
O
segundo ponto do plano de Bolsonaro para continuar vivo: uma reforma
ministerial de grande ou de médio porte. Servirá para que ele amplie sua base
de apoio no Congresso mediante a entrega de mais cargos do governo a deputados
e senadores, além de livrar-se de companhias consideradas hoje incômodas.
Uma
das companhias: o general Eduardo Pazuello, ministro da Saúde, despachado para
Manaus no fim da última semana sem bilhete de volta. Augusto Aras,
Procurador-Geral da República, obteve junto ao Supremo Tribunal Federal a
abertura de inquérito para apurar se Pazuello falhou na crise de Manaus.
Com
isso, Aras ajuda a desimpedir o caminho para que Bolsonaro agradeça ao general
pelos inestimáveis serviços prestados ao país e o devolva à caserna. Aras
deixou Bolsonaro de fora do inquérito, é claro. Uma vez que deve a nomeação a
ele e que sonha com uma vaga no Supremo… Sabe como são essas coisas.
O
terceiro ponto do plano de Bolsonaro: aprovar no Congresso a recriação da
Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Se com esse ou
outro nome, em nova versão, não importa. O novo/velho imposto sobre todas as
transações financeiras abarrotaria de grana os cofres públicos.
Bolsonaro
resistiu a comprar a ideia, mas o ministro Paulo Guedes, da Economia, o
convenceu. O governo precisa de dinheiro para fazer face ao fim do pagamento do
auxílio emergencial. Entre os brasileiros com renda de até dois salários mínimos
mensais, a reprovação ao governo passou de 26% para 41%. Alerta vermelho!
Nenhum comentário:
Postar um comentário