O Globo
Jair Bolsonaro retomou os ataques à urna
eletrônica e à Justiça Eleitoral. O capitão disse que os ministros do TSE “têm
partido” e querem torná-lo inelegível “na base da canetada”. Acrescentou que os
juízes teriam um objetivo secreto: “eleger seu candidato, o Lula”.
A tese seria cômica se não fosse ridícula.
Bolsonaro se elegeu numa disputa em que o mesmo Lula, então líder das
pesquisas, teve a candidatura negada pelo TSE. O atual presidente da Corte,
Luís Roberto Barroso, deu o primeiro dos seis votos para barrar o petista.
O capitão não precisa temer a Lei da Ficha
Limpa. Conta com a proteção do cargo e com a omissão do procurador-geral da República. Apesar da
blindagem, ele manterá o discurso da perseguição. Quer minar a confiança nas
urnas e incitar a tropa contra o TSE.
Bolsonaro nunca escondeu seu plano golpista. Se for derrotado, tentará virar a mesa e melar a eleição. O roteiro original incluía a volta do voto impresso. Agora a ideia é arrastar os militares para o centro do tumulto.
Em Moscou, o capitão disse que o Exército
determinará os “próximos passos” do processo eleitoral e que as Forças Armadas
serão “fiadoras da lisura das eleições”. A tarefa nunca esteve prevista na
Constituição. Mas o TSE tem sua parcela de culpa pelo engodo.
Em dezembro, a Corte ofereceu o cargo de
diretor-geral ao general Fernando Azevedo e Silva. Ele aceitou o convite e
marcou a data da posse. No início da semana, anunciou sua desistência. Alegou
razões de saúde e deixou o tribunal com um abacaxi.
O general não tinha credenciais para atuar
como guardião da legalidade. Como ministro do governo Bolsonaro, celebrou o
golpe de 1964 como um “marco para a democracia”. Os defensores da sua presença sonhavam
atrair a simpatia dos quartéis. Na prática, legitimaram a ideia da tutela
militar sobre a eleição.
O TSE ainda abriu as portas ao general
Heber Portella, indicado pelo ministro Braga Netto para um certo comitê de
transparência. O militar apresentou um questionário sobre o voto eletrônico.
Com base nele, Bolsonaro inventou que o Exército teria identificado “dezenas de
vulnerabilidades” no sistema.
“Estou presumindo que as Forças Armadas
estão aqui para ajudar a democracia brasileira. E não para municiar um
presidente que quer atacá-la”, disse ontem o ministro Barroso. Talvez a ficha
tenha caído tarde demais.
Um comentário:
Pois é...
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