Folha de S. Paulo
Presidente trabalha insistentemente para
enfurecer seguidores com falsa ideia de conspiração
A comissão do Congresso americano que
investiga a invasão do Capitólio reuniu provas de que o presidente Donald Trump
escolheu deixar a violência correr solta naquele 6 de janeiro. O republicano
assistiu ao ataque pela TV e se recusou a mandar aos apoiadores a
mensagem de que a eleição estava encerrada.
O tumulto foi uma arma útil para Trump naquela investida contra o processo eleitoral. Com baixa adesão institucional, a insurreição permitiu ao americano criar incertezas sobre o futuro político do país. Agora, a expectativa de confusão é uma peça central dos preparativos de Jair Bolsonaro para questionar o resultado da votação de outubro no Brasil.
A desordem é uma condição tão importante
para Bolsonaro quanto o apoio dos militares. Seria a maneira de encenar uma
desconfiança generalizada sobre as eleições, simular apoio em massa a posições
radicais e reivindicar alguma solução de seu interesse —ignorar o resultado das
urnas para permanecer no poder ou negociar uma saída confortável do cargo, se o
levante falhar.
É por isso que o presidente trabalha
insistentemente para enfurecer seguidores com a falsa
ideia de que existe uma conspiração para derrotá-lo com a urna
eletrônica. Bolsonaro nunca disfarçou o que espera de seus apoiadores como
resposta.
Um dia depois do ataque que matou cinco
pessoas em Washington, o presidente brasileiro disse que "a
mesma coisa" deve ocorrer por aqui. "Se nós não tivermos o voto
impresso em 2022, uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter problema pior
que nos Estados Unidos", ameaçou.
Caso o desejo se realize, o país sabe como
o presidente vai agir. Flávio Bolsonaro indicou que o pai quer usar a violência
a seu favor. "As pessoas acompanharam os problemas no sistema eleitoral
americano, se indignaram e fizeram o que fizeram", disse ao jornal O
Estado de S. Paulo. "A gente não tem controle sobre isso."
Trump não foi adiante porque ficou sem o apoio dos militares. Bolsonaro parece mais próximo de ter essa peça da máquina a seu lado.
Um comentário:
Falando ninguém acredita,mas é a mais pura verdade!
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